sábado, 19 de julho de 2014

19.07.2014

Ontem e hoje foram dias atípicos. Não gostaria nem de comentar. Me dei conta de que muitas pessoas podem ler esse diário. Não me importo...Quando escrevo é para mim mesma, sem pensar em ninguém. Não estou nem aí que alguém possa se interessar por sentimentos tão desinteressantes. O importante é escrever e publicar e resistir a tentação de deletar o que escrevi. Somente assim poderei ser sincera comigo mesma e não fugir da realidade através dos pensamentos. E se, por um acaso, esses escritos ajudarem a alguém, tanto melhor.
Ainda estou triste e sentido-me totalmente só. Presa nos meus pensamentos...sentimentos...vontades. Só não ouso sonhar mais e me sinto totalmente vazia. Queria poder sumir e me redescobrir. E com essa descoberta nova me amar e me respeitar. Crescer como pessoa e como mulher. Lutar por minha dignidade e por meus sonhos. Agir. Realizar. Ser feliz. Triste a percepção de quanto estou longe disso...triste saber que não tenho muitas escolhas. E continuar vivendo nesse marasmo que eu mesma criei e nessa mediocridade que construí. Fico me perguntando: ainda há tempo para salvação...perdão? Tempo para mudar...reconstruir. Será que terei coragem para abrir mão de certas coisas e pessoas? Será que devo voltar a sonhar acordada em vez de passar a noite toda me revirando na cama e tendo pensamentos ruins...negativos. Será que ainda há tempo para eu me redescobrir como mulher e sentir prazer numa relação sexual e, principalmente, sentir a plena satisfação? Aceitar-me do jeito que sou e não do jeito que as pessoas querem que eu seja? Quantas perguntas!!! Um dia espero obter alguma reposta para cada uma delas.
B.A





sexta-feira, 18 de julho de 2014

18.07.2014

Triste. É assim que me sinto...imensamente triste. Ontem ou hoje de madrugada fui dar uma olhada nos e-mails, já que aguardava uma resposta. E deparei com o e-mail de um amigo me dizendo adeus. Estranhei ele ter mandado para o e-mail da comunidade e não para o pessoal, como costumava fazer. E ler um "adeus" dói muito...principalmente vindo de uma pessoa que considero especial. Sei que sua esposa esteve gravemente doente e ele disse que também não está bem de saúde. Sei que por ser um bom profissional, ele passou e passa dificuldades no trabalho. Respeito isso. E foi por isso que não escrevi para ele durante esses longos meses de silêncio, apesar da falta que senti.
Conheci esse amigo na minha juventude, numa fase boa. Saíamos juntos e muitas vezes levei minha irmã junto. Uma pessoa de paz (ele), paciente e compreensivo. Sei que com o meu gênio fdp devo ter o magoado várias vezes. Depois ele saiu da cidade para estudar e perdemos o contato. Um dia, ao abrir o meu e-mail pessoal, tive uma grande surpresa ao receber seu e-mail e já sabendo da minha situação. Apos 25 anos!!! Fiquei muito feliz e até postei no blog. Trocamos poucos e-mails, mas o fato de saber que ele se lembrava e se preocupava comigo fez uma diferença enorme para mim. Depois veio o silêncio e eu respeitei: um homem casado com os seus problemas. Não tenho direito de interferir...quem sou eu para isso? E eis que recebo o e-mail, "puxando" a minha orelha pela minha fraqueza e dizendo adeus. Sinto que decepcionei uma pessoa maravilhosa, mas não posso mudar os fatos. Nem sei como ele fica sabendo de tudo...Mas deixo aqui registrado que foi e é uma pessoa muito querida para mim. Eu não queria dizer-lhe adeus...
Quando uma pessoa passa por vários tipos de abusos brutais, pequenos gestos de carinho sempre são e serão lembrados. As pessoas nem imaginam como o seu pequeno gesto foi importante e como fez a diferença. Lembro-me que aos 17 anos fizemos uma excursão e um rapaz lindo e casado, viajando inclusive com a sogra, encantou-me. É lógico que mantive distância. Porém um dia, a grande maioria da excursão estava junto e de repente, sem eu esperar, ele gentilmente passou mão no meu cabelo. Sem malícia, pois não fez mais nada. Mas naquele momento, diante da situação que eu estava vivendo, foi um gesto inesquecível.
Aos 19 anos, bem no dia do meu aniversário, fui pagar o cursinho e um dos professores e diretores, com o qual eu praticamente não tinha contato nenhum, olhou carinhosamente nos meus olhos e disse que os meus olhos expressavam uma tristeza enorme. Sorri para ele, deixando claro com o sorriso que não gostaria de falar. Mas o carinho...esse jamais esquecerei. Pois quem vive num mundo de agressão, um gesto pequeno...um sorriso já fazem uma enorme diferença. Assim como o carinho e a paciência desse amigo.
Tive um amigo virtual, meu irmão de coração. Ele mesmo um filho do silêncio e com uma história de vida extremamente triste. Conversávamos todos os dias pelo messenger e brigávamos quase todos os dias também. Um dia a briga foi feia e eu saí da conversa e desliguei o pc. No dia seguinte havia uma postagem dele, em espanhol (ele é de outro país), porém morou um tempo no Brasil e nos comunicávamos em "portunhol". Toda vez que ele escrevia em espanhol era porque sério. E ele escreveu que quando dois adultos (hoje ele tem 49 anos) que passam por uma violência brutal, geralmente têm o gênio forte e a teimosia também...Um dia ele também fez uma grande diferença na minha vida e a milhares de quilômetros de distancia conseguiu me ajudar a passar por um surto enorme. Era meu primeiro final de semana sozinha em Porto Velho. Meu marido e meus filhos tinham voltado para São Paulo e eu fiquei para cuidar das coisas...casa...pets...resolver os probleminhas da mudança. E no primeiro domingo eu simplesmente surtei. E ele cuidou de mim por dias e a carga de carinho que recebi dele foi tão grande, que consegui me manter forte. Infelizmente, por causa dos seus problemas pessoais, a dois anos atrás, no dia do meu aniversário, ele também disse adeus e não tenho mais notícias dele. ODEIO A PALAVRA "ADEUS". Sinto-me frustrada, culpada. Sempre acabo decepcionando as pessoas e fico eu aqui na minha solidão. É lógico que prefiro ter vivenciado esses momentos de amizade, mas a solidão é altamente dolorosa...
Triste...triste...muito triste.
B.A












quinta-feira, 17 de julho de 2014

17.07.2014

Forte dor de cabeça me impediu de escrever nesses dias. E uma enorme crise de ansiedade também. Acredito que foi por causa do final de semana, quando passei muito nervoso em relação ao meu filho. Os sentimentos de culpa...impotência...fracasso não me abandonam. Estou me culpando pelas más escolhas dos meus filhos, por ter sido tão permissiva e continuar sendo. E ao mesmo tempo tenho plena consciência que fiz o máximo por eles.
Sei que também tenho sofrido por causa da imensa solidão que sinto.
Na comunidade, eu sempre escrevi e mostrei como a violência emocional é mais cruel que a física. Provoca muito mais males...culpas...sentimentos de abandono. Faz muito tempo que eu não assistia Law & Order SVU...mais de um ano. Esses dias assisti e foi um episódio que ainda não tinha visto. Contava a história de um rapaz que estuprava meninas no Central Park e filmava o ato. Depois que foi pego, a equipe policial descobriu que ele tinha sofrido um imenso terror psicológico do pai. O pai foi preso e o rapaz mandado para uma instituição, pois foi considerado incapaz.
Há uma menina na minha comunidade que se culpa de ter sofrido os abusos. Tudo isso por causa do maior deles: o abuso emocional. Uma criança de cinco anos não tem culpa. Eu mesma só comecei a notar que algo errado estava acontecendo aos seis anos. De acordo com os médicos, comecei a ser molestada antes dos dois anos. Mas somente na puberdade é que entendi o que meu pai fazia. Junto com o nojo da situação veio o sentimento de culpa em relação a minha mãe. É como eu estivesse a traindo. E foi aí que ela começou a ser altamente agressiva comigo e eu me senti péssima. Fora o terror psicológico que sofria por parte do meu pai e também começou o bullying praticado pelos familiares e colegas da escola. Sinceramente não sei como não enlouqueci ou não me matei. Com o tempo, toda minha auto confiança e estima sumiram. Isso durou dos 13 até os 17 anos. Depois eu consegui melhorar, porém sempre sofrendo violência emocional dos meus pais. Isso foi durante a vida toda. E agora pago um preço bem alto fisicamente e emocionalmente falando...e continuo sendo depreciada...isolada...e desacreditada.
Esses dias meu emocional está nas "últimas". E não sei o que fazer...como agir para reverter essa situação. Sinto-me um lixo...
B.A








terça-feira, 15 de julho de 2014

15.07.2014

Muitos dias sem escrever...Por causa da Copa, não fiquei muito na internet. Vi os jogos e outros programas. Não tinha muito a comentar, a não ser a mesma coisa: cerveja demais...comida e sono de menos.
Deixei o meu filho mais à vontade em relação a saídas. É lógico que quase "morri" do coração. É difícil conceder a liberdade e manter o bom senso. É difícil ver que seu filho cresceu e que precisa aprender com os erros. É difícil e dói...Mas acertando e errando, sobrevivemos.
Essa noite não consegui dormir, não tomei o Rivotril, pois quero aos poucos desintoxicar o organismo. Só voltei a tomar fluoxetina, pois estava muito irritada e acabava descontando nos meus filhos. Pelo menos estou um pouco mais ativa nesses dias, mas ainda preciso melhorar 1000%.
Precisei tomar o Rivotril agora de manhã e o meu coração já está desacelerando e estou me sentindo melhor. Vou conceder-me um dia sem preocupações ou cobranças, já que passei à noite toda mergulhada nos meus sentimentos.
Mergulhei de cabeça e não foi bom o que encontrei. Muitos sentimentos de culpa...muito desprezo por mim mesma. Como posso me amar e me respeitar se me desprezo tanto? Como os outros vão gostar de mim e me respeitar se eu mesma não consigo?
Estou cansada de mim mesma...sinto-me culpada pelas falhas dos meus filhos, já que eles também tiveram de passar pela dor do abuso emocional infligida por outros. De uma certa forma acabei os protegendo demais...fui altamente permissiva e tenho que agora conviver com os erros que cometi!!!
Hoje estou assim: imersa em mim mesma...debatendo-me nas águas turvas de sentimentos negativos...não conseguindo me perdoar. Mesmo errando por causa das consequências do abuso sexual vivido por tanto tempo, não consigo entender como consegui ser tão forte durante a infância e adolescência e uma boa parte da juventude; e agora, após os 40 anos...quase chegando aos 50, tornar-me tão fraca...tão dependente!!!
E assim que me sinto: incapaz...fraca...uma idiota. Melhor tentar descansar um pouco e parar de pensar. 
B.A









quinta-feira, 3 de julho de 2014

03.07.2014

Passando rapidamente os olhos pelo que escrevi, percebi que dos quatro textos que deletei sem querer, o mais importante foi sobre a minha irmã. Contei sobre esse diário ao meu marido, que achou uma ótima ideia. Ontem ele mesmo percebeu que estavam faltando alguns dias e me recomendou que copiasse cada texto e colasse no WORD. Ele disse que acha importante eu reler (não tenho esse hábito) o que escrevi pelo menos uma vez por mês, para ver as minhas conquistas...o crescimento emocional e espiritual...e aquilo que eu ainda não consegui alcançar. Realmente, fazer reflexão é sempre bom. Enfrentar de frente as falhas também. Ficar feliz com as conquistas é ótimo (pena que a minha estima não permite eu viver esses momentos de felicidade).
Ontem deixei meu filho passar o dia fora e dormir na casa de um amigo. Parece que ele teve um dia maravilhoso e ele estava tão feliz que me disse várias vezes (ao telefone) o quanto estava se divertindo...o quanto foi importante eu confiar nele...o quanto me amava...e que ia fazer de tudo para reverter a situação no colégio. Apesar de saber que ele e os amigos fizeram "besteira"...rs...ainda assim estou feliz, pois ele está.
Eu e minha filha ficamos em casa, ela no computador e eu na TV aqui na sala. Ela não estava bem por causa da sinusite, mas cuidei dela...ela se alimentou bem e foi medicada. O dia foi tranquilo.
Só um momento que me aborreceu muito. E é por causa dele que estou agora aqui, às quatro horas da manhã, escrevendo. Porque senti tanta raiva...ressentimento, que na cama os pensamentos não me deixavam em paz. Preciso colocar para fora não através dos pensamentos que são um círculo vicioso...mas ao escrever e depois espero me sentir mais aliviada e esquecer.
Porém, algumas vezes me pergunto (e sei que sim) se tenho o direito de sentir raiva...ressentimento. Durante 41 anos fiquei literalmente calada, guardando o medo e o segredo sujo somente para mim. Nunca senti raiva pelo meu pai ou minha mãe e tentei relevar os sentimentos negativos sobre minha irmã. Talvez, se eu estivesse explodido feio e de vez, as coisas seriam diferentes. Hoje em dia, sinto a falta de respeito por parte da minha mãe e minha irmã (e o desprezo total da mesma). E isso dói, já que quase tudo (emocionalmente e materialmente) ela possui graças ao meu sacrifício...Ela, uma mulher de 35 anos é bem mais mal resolvida que eu. Altamente egoísta e mesquinha...não conseguiu evoluir na profissão (tem até o pós doutorado) e emocionalmente falando, é totalmente instável. Está faz quatro anos com um rapaz oito anos mais novo que ela (o qual eu gosto, pois vejo que ele realmente ama a minha irmã), porém nunca conseguiu ter relações com homens mais velhos...faltou a maturidade emocional. Sempre quis ter filhos, até os nomes eles já tinham e agora, o namorado dela (que é oito anos mais velho que a minha filha) disse para as "crianças" que ele queria sim ter filhos, mas ela não quer. Claro, ter filho requer responsabilidade, coisa da qual ela foge sempre (até a cachorrinha dela sempre está com a minha mãe).
Fiquei muito chateada pelo que houve, mas agora...ao escrever...sinto-me mais aliviada. Fiquei mais chateada ainda pelo sentimentos de raiva e de ressentimento, que raramente sinto...pois sou uma pessoa que diz na hora os sentimentos e isso ajuda a não acumular mais dentro do coração. Mas realmente estou me sentindo bem melhor. Vou ver TV e esperar minha filha acordar e meu filho ligar para saber dos planos dele...
B.A
















quarta-feira, 2 de julho de 2014

02.07.2014

Hoje, 02 de julho, faz sete anos que meu pai morreu. O que eu sinto? Um grande alívio e nenhum pesar. Pelo homem que ele foi...poderia ter sido um grande pai. Mas não foi. Martirizou-me durante 25 anos e, depois que saí das garras dele, em vez de se redimir, bancou o psicopata que não só estragou a minha vida...como a do meu marido e meus filhos. Meu mundo...minha vida poderiam ser diferentes e melhores se não fosse pelo egoísmo e mesquinharia desse homem e do séquito que formou...
Ontem foi um bom dia. O que conversei com os meus filhos está sendo colocado em prática e todos estamos contentes. Resolvi, apos anos sem cozinhar, preparar um belo jantar a eles...com direito a pratos de louça, uma arrumação de mesa bonita e muitos elogios da parte deles. É claro que fiquei  feliz, pois me senti útil. Apesar de acordar cedo, procurei me manter acordada até certa hora...para poder dormir mais. Não deu certo!!! Dormi um poco menos de 3 horas...tentei ficar na cama...e antes de enlouquecer com os pensamentos, levantei...tomei banho...vou até o mercadinho. Hoje permiti que o meu filho passasse o dia com um amigo e ele vai dormir na casa dele. Eu e a filhota vamos ter uma tarde e noite para fazer algo juntas. Só espero que eu não desanime...
Acabei de deletar 4 postagens. Definitivamente, eu e a tecnologia não nos damos nada...nada bem. Era para salvar e eu publiquei (quando o texto ainda não havia sido concluído). Não percebi que estava deletando as mais velhas. Fico chateada pois esse diário é para minha reflexão e nem lembro o que escrevi...pois um dia queria reler e ver como eu estava progredindo emocionalmente. Paciência!!!
B.A