segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

29.12 2014

Apos escrever a última postagem, reli todo o blog. Foi incrível ver e perceber que os assuntos dominantes foram a família e a saúde física e emocional. E também foi uma grande vitória perceber o quanto cresci emocionalmente, através de um simples ato de escrever.
Depois que pensei e coloquei para fora certas coisas e tive coragem de admitir que sim...esse Natal foi o pior da minha vida...e que sim, cogitei o suicídio, me sinto bem melhor...menos "entupida". É triste olhar a comida e não conseguir comer. E triste estar "caindo" de sono e não conseguir adormecer. E o pouco que durmo, só tenho pesadelos. Mas essas duas questões terei de resolver aos poucos e com muita paciência. Melhorar a qualidade da comida e ler livros edificantes antes de dormir. Não adianta me entupir de remédios ou vitaminas. Eu sempre fui mais naturalista...
Mas o mais importante foi colocar ponto final em cinco situações e estou me sentindo maravilhosamente bem com isso e muito aliviada. Não...não sou bipolar. Apenas guardei por tanto tempo os ressentimentos que fiquei seca por dentro, sem me amar e respeitar e sofrendo todas as consequências que isso traz. 
O primeiro ponto final que coloquei foi a mágoa que sentia do meu pai. Não somente pelo abuso físico, mas principalmente pelo emocional. Ele foi um verdadeiro psicopata, que acabou com a minha vida. Mas posso e devo reconstruí-la. Não é por ninguém...é por mim mesma. Ainda sonho com ele praticamente sempre que durmo. Mas terei de conviver com isso, pois não mando no sono e nem nos sonhos. Até que ponto vale a pena entupir-se de soníferos. As pessoas que sabem que estou a procura desse remédio estão assustadas, pois ele é muito forte e é usado como anti operatório. Rivotril não me faz dormir e se eu misturar com a cerveja não sinto nenhuma diferença...mas é se conseguir comprar esse? E se na força do hábito eu misturar? Meu pai não vale a pena...Ponto final nele!!!
O segundo e o terceiro pontos finais foram a minha irmã e minha mãe. Chega de desprezo...de humilhações...de agressões verbais. Desde que me afastei definitivamente das duas sinto um alívio enorme e uma certa paz. Passei um verdadeiro inferno emocional para chegar nesse ponto e consegui. Cabe a mim manter esse distanciamento. Afinal de contas como uma pessoa (irmã), mulher de 36 anos...casada...ainda acha que o pai foi um "santo". E como uma mãe pode ter sido tão omissa...sabendo do abuso e de tudo e ainda me tratar a vida toda como um lixo. Não, não mereço isso. Sempre, apesar de tudo, amei muito as duas. Mas agora chega...ponto final nas duas!!!
O quarto ponto final foi o meu casamento de 21 anos. Sei que o meu ex marido não quer mais se separar, mas o estrago já foi feito. E eu que não sou de prazos, dei um prazo generoso a mim mesma de dois anos e meio (quando completo 50 anos) e quando...além de ter esperanças que os meus filhos estejam encaminhados na vida...também irei encaminhar a minha. A cidade que mais amo no Brasil é Ouro Preto, MG. Ela tem uma boa estrutura e uma ótima Universidade. Voltar a estudar e mudar totalmente de profissão. Morar sozinha...ser responsável totalmente por mim mesma. E por que não? Quem sabe encontrar um homem...namorado...amante sem nenhum compromisso. Apenas tentar ser feliz!!!
E o quinto e último ponto que coloquei foi em certas amizades, ou melhor...pessoas que diziam e agiam como se fossem meus amigo e depois que eu servi o propósito, saíram fora. Ou aquelas que me procuraram...fiquei feliz com isso...e depois caíram fora. Isso dói e muito. Eu ia escrever mais sobre esse assunto, mas sei que vou ficar triste, então fica para uma postagem futura. Nunca fui idiota, mas sempre fui fraca em ceder. Ponto final nas pessoas que me fizeram sofrer a decepção de uma plena confiança e esperança!!!
Sempre contei um ano novo através do meu aniversário, porém dessa vez vou mudar...vais ser na virada do ano mesmo. Alias, sempre me dei bem com anos ímpares. Não que eles me dessem sorte...mas me deram motivos para lutar.
E que eu consiga manter as decisões tomadas e, aos poucos e sem pressa, tentar me encontrar no meio desta escuridão e tempestade.
B.A


sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

27.12.2014

Preciso parar de guardar tanto os sentimentos para mim mesma e começar a escrever mais...ter coragem de me abrir...de me expor plenamente. Não é para isso que abri o diário? Em vez de ficar pensando nas coisas de madrugada, preciso escrever mais e tentar ficar deitada com o coração leve...limpo...desprovido de maus pensamentos e sentimentos. Porém em vez disso, faço ao contrário.
Essas duas últimas semanas foram um verdadeiro inferno. Brigas com ex-marido...com o filho...rompimento definitivo com a minha irmã e principalmente com a minha mãe. Estou me sentindo mais dura em relação a pessoas...estou me fechando cada vez mais. Cheguei ao ponto de pensar em suicídio. Acho que só não cometo por ser fraca e covarde. E o amor aos meus filhos é mais forte que todo o sofrimento e dor.
Minha insônia voltou com tudo. Ainda não consegui comprar o remédio forte, pois está em falta nas farmácias. Vou ter que pegar uma manhã minha motorista e sair pelos bairros para ver se acho. E o meu transtorno alimentar chegou ao ponto máximo. Não tenho fome e quando tenho, a falta de apetite é tão grande que logo sinto o enjoo e a ânsia. O triste é que nesses cinco últimos meses não consegui emagrecer nem 100 gramas. Eu deveria estar magérrima, porém estou super inchada. Sei que a Síndrome de Cushing tem tudo haver com o fato, mas de qualquer jeito é muito frustrante. Sinto-me totalmente fraca e cansada e o pior que já estou sofrendo os efeitos como queda de cabelo...alergias...e problemas sérios com a menstruação, que a cada mês está adiantando cinco dias e estou menstruando duas vezes por mês. Como meu fluxo é muito intenso, fico mais fraca ainda ficando de cama por dois ou três dias.
Não tenho / sinto vontade de nada. Nem de entrar na internet...nem de ver TV e nem de ler. Fico vagando por dentro de mim mesma sem encontrar um caminho...uma direção...uma luz.
Só espero que o Destino...e o Plano Espiritual possam me dar forças para enfrentar toda essa crise.
B.A


26.12.2014

Natal mais triste...semana triste...Não deveria ter sido assim, mas foi. Foi o pior Natal em 38 anos. Que pena!!!
B.A

domingo, 21 de dezembro de 2014

22.12.2014

Dizem que depois da tempestade vem a bonança (e vice-versa). Passei os últimos 15 dias num total inferno: de tantas brigas e discussões...de tanta tristeza. Nunca o abuso sexual sofrido por mim pesou tanto na minha vida. A perspectiva de um novo ano repleto de fracassos...sem perspectivas...solidão...e tristeza está acabando comigo. E sim, pensei na morte. É tão fácil. Somente pegar os rivotris e comprar uma bebida destilada. Apesar de tomar muita cerveja, é a única bebida que compro, já que não gosto das outras e nem mesmo de vinho. Gosto de wisky...mas gosto do bom e o bom não é para o meu bolso. Apesar que nessa hora serve qualquer um. Se não fossem o amor e os cuidados da minha filha, não sei se aguentaria. Agora entendo o porquê de tantos suicídios entre os abusados na época de fim de ano. Ninguém poderá entender pois cada caso é diferente do outro. Faz 3 anos que lido com a dor de final de ano e a desesperança dos outros. Na primeira vez foi tão desgastante por causa de uma menina que oito membros do grupo saíram fora, por não aguenta-la mais. Acabei tirando ela do grupo e fiquei sabendo que ela ficou com muita raiva e até macumba fez para mim. Ela só queria atenção, sempre foi problemática. E "brincou" com os sentimentos e com a paciência das pessoas... Juntamente com ela, meu melhor amigo...meu irmão de coração também estava super deprimido e melancólico, falando sempre em suicídio. O problema é que ele já havia tentado (sem sucesso) dando um tiro no rosto. Ficou totalmente desfigurado precisando de várias operações. Foram mais de seis anos se tratando. Eu conversava com ele todos os dias, mandando muita força e vibrações positivas. Ele não se matou...porém eu comecei ter problemas de crises de ansiedade e coração. Seis meses depois, no dia do meu aniversário, foi a última vez que falei com ele. Ele simplesmente sumiu e faz dois anos e meio que não sei nada dele. Tento não pensar em coisas negativas e sim que ele tenha encontrado o seu caminho. Quando ele tentou o suicídio tinha 3 filhos e já era avô de quatro netos. No ano seguinte foram duas meninas. Elas conseguiram passar por essa fase difícil. No ano passado foi uma menina do grupo e que também tinha sua comunidade contra o abuso sexual. Ela pediu socorro e muitos conversaram com ela. Fiquei meio de lado. E depois soube que ela se matou. Fiquei revoltada não com ela, mas com os seus familiares que a negligenciaram e não acreditaram nela. Me senti péssima, talvez se eu tivesse conversado com ela...Não digo que ela teria mudado de ideia, mas eu poderia mostrar o apreço por ela e pela sua luta. Coloquei uma nota nas páginas...grupos...e blogs desafiando qualquer um que a chamasse de covarde. Ela foi muito corajosa...lutou, mas não conseguiu aguentar. Então tomou uma providência para sua dor e aos 26 anos deixou de viver. Covarde sou eu que não tomo providência nenhuma...nem para o bem e nem para o pior.
Ainda não fiz os exames médicos solicitados no dia cinco desse mês. Sou uma fraca.
Pelo segundo ano foi minha filha que montou a árvore de natal e enfeitou a casa. Eu amo o Natal, desde que cheguei ao Brasil. Mas faz dois anos que não saio para ver as ruas e as casas enfeitadas e esse ano mal olho para minha árvore de natal.
Estou triste...muito, muito triste. Não sei o que fazer comigo mesma...não sei se há esperança para mim.
B. A

domingo, 7 de dezembro de 2014

07.12.2014

Hoje só vou escrever sobre coisas boas...minhas pequenas grandes vitórias. Após a crise de choro no domingo passado, muitas coisas mudaram para melhor. Desabafar...colocar pra fora fez um imenso bem. Ainda continuo com crises de ansiedade, porém consigo controla-las mais. Passei a dormir mais horas e o meu corpo está bem mais descansado. Com isso, estou me alimentando melhor. Ainda não consigo fazer 3 refeições diárias, mas estou comendo mais e sinto o meu corpo mais forte. E o sono e a alimentação refletem no meu dia a dia. Apesar de continuar tendo sonhos esdrúxulos e altamente realistas, o fato de dormir mais horas compensa.
Quarta fui cortar cabelo. Após mais de 20 anos cortei curto e todo repicado. Gostei do resultado e a minha estima subiu.
Sexta fui ao médico (clínico geral). Ir ao médico é muito estressante para mim...não é fácil ter que contar sobre o abuso. Mas é preciso para que ele entenda como o emocional influi no físico e vice versa. Precisei da exposição para poder resolver os meus problemas de saúde. Tive muita sorte, pois esse médico foi muito compreensivo e o melhor de tudo: olhou nos meus olhos e disse que iria me ajudar. É raro eu confiar rapidamente numa pessoa, mas de imediato confiei e acreditei nele. Saí de lá em paz...com certeza de que vou resolver vários problemas...e com muitos exames para fazer. Depois vou passar pelo endocrinologista, dermatologista e oftalmo. Acho que esse médico nem imagina como me fez bem tratando-me com dignidade. Infelizmente passei por outros médicos que não souberam como lidar com o abuso...desconsiderando o mesmo ou desacreditando. Estou me sentindo mais segura, inclusive para fazer certos exames. 
Também essa semana "congelei" duas pessoas no meu coração, o que é uma fato muito raro. Por mais que eu fique brava ou ressentida, sempre acabo voltando atrás e perdoando. Porém estou fazendo uma faxina nos meus sentimentos e essas duas pessoas não fazem mais parte deles. Demoro e muito para decidir, porém quando decido por uma opção tão drástica, não há mais volta. Não penso no que eu perdi, mas no que eles perderam. Aliás, não penso mais nada sobre eles...
Essa semana também assisti uma série chamada "Conselho Tutelar". Foi um membro da comunidade que deu a dica e valeu a pena. Principalmente num dos casos (baseados em casos reais) onde uma mãe, por anos, deixa sua filha amarrada debaixo da cama, enquanto a outra é muito bem cuidada. No início nem suspeitei do motivo real. E quando mostraram o motivo pude entender a mãe. Não concordo nem um pouco com o que ela fez. Porém nesse ato foi demonstrado mais uma consequência que um abuso sexual provoca. Durante um ano a mãe foi estuprada e a menina é fruto desse estupro. Como a mãe era jovem, teve a filha. Mas considerou a criança imunda e culpada, sentia nojo dela, achava que ela (a criança) era um ser imundo. Sou totalmente contra o aborto, mas não em casos de violência sexual. Pois quem sempre paga caro é a criança...
Ainda não reli as postagens, tenho tido muita dor de cabeça. Pretendo fazer uma revisão logo do blog para medir o meu crescimento emocional.
B.A

domingo, 30 de novembro de 2014

01.12.2014

Após o desabafo de ontem, no início senti um certo alívio. O problema é que quando escrevo, afloram um monte de lembranças e pensamentos. E não consigo colocar todos aqui, por vergonha. Eu estava escrevendo e não parava de refletir. Logo após escrever minha mãe ligou da praia e tivemos uma discussão. Aproveitei que estava sob efeito dos pensamentos e reflexões e disse a ela um montão de coisas. Sei que ela sabe que falei a verdade e é claro que a reação dela foi ser agressiva. Educadamente e friamente avisei que ia desligar, já que não tínhamos como continuar a conversa. À noite ela ligou mais duas vezes, mas não atendi. E pretendo fazer um grande favor a mim mesma, não atendendo os telefonemas dela (pelo menos por hoje).
Porém logo em seguida tive uma forte crise de choro que durou mais de 3 horas. Ultimamente ando triste e muitas vezes lágrimas vêm aos olhos...porém não uma crise de choro tão forte. Chorei não por pena de mim, mas sim por raiva. Raiva de ter deixado toda essa situação chegar a esse ponto. Raiva (de mim mesma) por não ter reagido, por ter deixado ser humilhada. Por permitir o abuso emocional e o assédio moral sem reagir. Por parte dos meus pais, minha irmã, família e amigos do meu pai, família do meu marido e até meu marido. Não estou a fim de contar os detalhes...é melhor deixar pra lá. Mas a dor e a mágoa que senti ontem foram fortes. Sei que vou superar e somente depende de mim para que isso não aconteça mais.
Como consequência tive muita dor de cabeça. Deitei cedo sob efeito do Rivotril e tive pesadelos todo o tempo que dormi. Não consigo dormir direto...é sempre entrecortado. Mas hoje pretendo ficar deitada...lendo ou jogando minhas paciência no netbook. Como ele é pequeno, posso jogar na cama mesmo. Preciso me recobrar do dia de ontem para amanhã não ficar inativa. E preciso trabalhar mais as minhas emoções. O diário ajuda 90%, mas devo aprender a não sentir vergonha de certas coisas, de certos erros...
Ontem minha filha voltou "quebrada" e toda tensa após o vestibular da FUVEST. Disse que foi muito mal e que não deve passar para a segunda fase. Expliquei mais uma vez que milhares querem ingressar na USP e se matam de estudar, coisa que ela não fez. E se o sonho dela é estudar na USP, que no ano que vem ela comece e levar os estudos mais a sério e com responsabilidade. Falei calmamente e com carinho e ela sabe que só depende dela mesma.
Essa semana vou reler o diário desde o começo. Eu pretendia fazer isso a cada mês para sentir como estavam as minhas emoções e se consegui progredir. Mas acontece que não consigo reler os textos que escrevo...nem mesmo os depoimentos e nem o depoimento de ninguém. Só que abri esse diário com intuito de tentar entender minhas emoções...reações...de tentar ME entender. E ontem, enquanto estava escrevendo, minha vida passou por mim e senti muita dor...raiva e frustração. Preciso trabalhar isso, mas agora...nesse momento, não sei como.
B.A

30.11.2014

Estou acordada desde madrugada. Minha filha dormiu 14 horas seguidas de ontem para hoje. Eu e meu filho não. Meu filho foi dormir faz pouco tempo e eu fiquei descansando...ora adormecendo por uma hora...ora totalmente acordada, mas deitada. Eu tinha que ver se o meu filho estava se alimentando e, ontem de manhã fui ao supermercado. Achei que fosse desmaiar, já que anteontem não consegui comer quase nada (e ontem também). Assim mesmo fiquei feliz em ir fazer compras. É uma coisa mínima, porém para mim é uma grande vitória...Hoje, ao levantar, fiz força para comer mesmo sendo madrugada e agora não sinto mais nenhum mal estar.
Hoje é o último exame da minha filha (vestibular para USP) e o mais importante para ela. O chato é que a nossa ansiedade só vai cessar quando sair o resultado do ENEM. Não adianta passar no vestibular e não ter concluído o Ensino Médio. Mas de tudo na vida devemos tirar uma lição e espero que minha filha tenha entendido a dela.
Essa semana agora ainda vai ser "cheia". Amanhã pretendo descansar sem tentar me preocupar com nada. Na terça vou levar o meu filho para ver um emprego. Na quarta ou quinta vou cuidar um pouco do meu exterior: cortar e pintar o cabelo...fazer unha. Cuido de mim somente umas duas vezes por ano. Me desprezo tanto que acabo nem ligando para a minha aparência. E a minha mãe fez um ótimo trabalho ao dizer sempre o quanto sou feia (desde a adolescência), incutindo em mim baixa estima desde aquele tempo. Mas acabei "me largando" mesmo ao chegar de Porto Velho...Na sexta tenho médico.
Sexta feira foi o meu último dia de aula. Não vou continuar o ano que vem com ela, pois acabei descobrindo a falcatrua que estavam fazendo e não vou participar disso. Nem vou falar nada, mas é grave e meu ex marido vai consultar um advogado, já que podemos pagar caro por essas aulas através do Imposto de Renda. É inacreditável o que as pessoas são capazes (sem precisar) fazer por dinheiro. Odeio a ganancia. Mas pretendo tentar trabalhar o ano que vem. Não depender totalmente do meu ex marido é bom. 
Ontem retirei amizade no face de uma pessoa. E avisei o porquê. Ele ficou despeitado e respondeu, mas fiquei quieta. Deixa pra lá!!! Estou aprendendo tirar pessoas nocivas da minha vida. Ele foi a segunda pessoa que se aproveitou da minha amizade e não soube retribuir quando mais precisei. E ainda escreveu um discurso de como deve ser uma amizade. O ponto de vista dele não serviu para mim...O outro que fez a mesma coisa tem o mesmo nome desse, preciso tomar mais cuidado com os homens que carregam esse nome...rs...(brincadeirinha, o nome nada tem haver com o caráter). Por outro lado há pessoas maravilhosas que estão me ajudando. Até mesmo novos amigos. E sei que também há muita gente torcendo pela minha melhora e pelo meu trabalho. É nessas pessoas que preciso me focar. 
Uns minutos atrás minha filha me mostrou pelo celular a foto da minha irmã e seu marido com a certidão de casamento. Casaram-se na sexta...somente no cartório...e sem a presença dos familiares. E é lógico que nem fui avisada. Se estou triste? Sim. Não por não ter sido avisada, por escolha dela não fazemos parte da vida uma da outra faz mais de dez anos. Estou triste por situação ter chegado a esse ponto. Tenho muita pena dela. Por ser tão egocêntrica e ignorante...por tentar sempre levar vantagem. Nunca aceitou o fato de eu ter sofrido o abuso do meu pai e para protege-la. Joguei parte da minha vida fora por ela, uma pessoa que não vale a pena. Graças a mim ela teve de tudo...do bom e do melhor...financeiramente e emocionalmente. E depois que briguei com os meus pais, aproveitou-se ao máximo da situação. Ela não consegue entender que tudo que ela tem na vida foi por eu ter cedido à chantagem do meu pai e ir pra cama com ele...desistir de tanta coisa...para ele deixa-la em paz. Do jeito que ela é, não sei se conseguiria sobreviver ao abuso. E o pior é que não consigo entender o porquê de tanto ódio e rancor da parte dela. Talvez porque na realidade ela seja uma pessoa infeliz...Muitas vezes me pergunto se tivesse uma chance de voltar no tempo, faria por ela o sacrifício. E a resposta é sim. Por mais que ela me despreze (e eu a desprezo também) hoje em dia, considero que ninguém merece passar pela uma violência física e emocional tão brutal. Ela não mereceu eu ter dado boa parte da minha vida para que tivesse a dela, mas também não pediu o meu sacrifício...ela não sabia. Só achei que após saber o que aconteceu, ficaríamos mais unidas. Me enganei...Que ela seja feliz nas suas escolhas e na sua vida...pois colhemos apenas aquilo que plantamos...sem mais ou menos.
A coisa boa é que procuro, aos poucos, com esses desabafos enterrar um pouco o meu passado. E também não estou permitindo mais que as pessoas me usem ou me magoem sem razão. Vai chegar um dia que vou voltar a me olhar no espelho sem sentir vergonha...vou me valorizar mais...vou me amar e respeitar. E quando esse tempo chegar, tenho certeza que junto virá a paz e a alegria de viver.
B.A

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

26.11.2014

Mais uma vez estou aqui para a minha "terapia semanal". Ainda estou sentindo muita ansiedade, porém estou conseguindo controlar a mesma. Só não consigo controlar o transtorno alimentar e de sono. Não tenho conseguido comer quase nada e estou dormindo muito pouco. Mas, pelo menos, estou menos irritada. Estamos vivendo dias de paz aqui em casa. Continuo com uma alergia cada vez mais feia e dia cinco de dezembro vou ao médico para começar a tratar da minha saúde física, com a qual sou extremamente negligente.
Minha tristeza continua e está se transformando novamente em depressão. 
Confirmei que foi de fato a minha mãe que "fez o favor" de eu perder as aulas. Não estou chateada por causa do dinheiro...mas sim pelo fato dela continuar querendo sempre me atrapalhar, não deixando a gente em paz. Até hoje não consigo entender toda essa raiva que ela sente por mim. Sempre tentando me rebaixar perante os outros. Sempre sendo maldosa e agressiva. Uma mulher aos quase 75 anos. Parece coisa de novela...mas é muito pior e triste. Ela me culpa por eu ter sofrido abuso, por ter sido a sua "rival", mas foi totalmente omissa durante os longos anos da minha aflição. E depois negou o fato, mesmo sabendo que era verdade. Foi capaz de me prejudicar e de me lesar financeiramente. Nunca vou entender isso, pois sou mãe. Vejo muitas vezes as mães sendo omissas...negligentes e acho um horror. Então lembro que a minha também foi e é...
Esses últimos dias estamos vivendo num verdadeiro caos. Minha filha está prestando exames e anda ansiosa, sem comer e dormir direito. E eu embarco junto nessa situação. Até o meu filho, que tinha conseguido colocar os horários em dia, voltou a não ter hora para nada. Essa situação é penosa e triste, Minha filha passou no curso de Jornalismo aqui em Ribeirão, numa faculdade tradicional daqui. Hoje íamos fazer a matrícula, mas diante das mensalidades salgadas, ela não quis. Como podemos matricula-la sem saber se ela vai conseguir a nota do ENEM para terminar o ensino médio (ela prestou uma prova especial)? Fiquei frustrada com a situação e acredito que ela também. Conseguiu uma boa colocação no vestibular. Ontem conversei com ela e disse o quanto estou orgulhosa. Foi uma vitória e pedi que ela sempre se lembrasse de quanto é capaz. De que eu sempre estarei ao seu lado, tentado ajuda-la a voltar para o caminho certo (e ao meu filho também). 
Nas horas de insonia fico quebrando a cabeça...tentando descobrir onde foi que errei. Em qual momento perdi os dois, que seguiram por um outro caminho, e por que. Sempre fui uma mãe super dedicada. Abri mão dos meus sonhos para investir na maternidade. Sempre investi na educação e cultura. Eles eram os melhores alunos sem nós fazermos qualquer tipo de exigência ou cobrança. E a quatro anos atrás escaparam por entre os meus dedos e não consigo encontrar um motivo. Mas, principalmente, sempre dei muito amor e carinho. Fui rígida, até mesmo pela educação que recebi e pela situação de violência que vivi. Amo os meus filhos acima de tudo e incondicionalmente. E devo dizer que o meu ex marido foi e é um excelente pai. Então o que aconteceu? Tento, de todas as maneiras, encontrar uma resposta...uma pista, mas não consigo...
A única coisa que sei que infelizmente eles também foram privados de muita coisa na vida por causa do abuso que sofri. Também perderam muito, mesmo com a gente tentando amenizar a violência emocional praticada pelo meu pai e, depois, pela minha mãe. Não é somente o abusado sexualmente quem sofre. Os que estão ao seu redor e o amam são também alcançados por essa onda de crueldade. E agora os meus filhos sofrem as consequências do abuso que EU sofri e não consigo ajuda-los. Estou triste...muito triste e sem esperanças. Uma parte de mim morreu por dentro, já que me sinto culpada pela infelicidade deles. Sei que a única coisa que posso e devo fazer é continuar amando-os incondicionalmente e tentar ajuda-los a recuperar o tempo perdido e voltar ao seus caminhos. Brigamos sim...porém o amor é sempre mais forte. Que fique registrado aqui o sofrimento dos filhos de quem sofre algum tipo de violência.
O despertador tocou, avisando que devo me aprontar para ir dar aula. Está chovendo e o tempo está agradável. Está chovendo também em mim, através das minhas lágrimas e do aperto no coração que sinto nesse momento...
B.A


quarta-feira, 19 de novembro de 2014

19.11.2014

Após escrever na segunda, consegui a paz que buscava. É incrível ver e sentir o que o ato de escrever...de desabafar pode proporcionar!!! Porém não consegui controlar a crise de ansiedade e nem me alimentar direito. O clima em casa está bem mais ameno, quase sem discussões nesses dois dias. Isso é bom. Ainda bem que nunca fui e não sou uma pessoa rancorosa. Por isso, após desabafar, colocar para fora as minhas frustrações, acabo relevando e perdoando. Assim, não fico remoendo dentro de mim, as mágoas.
Porém estou preocupada com a tristeza imensa que sinto. Meus olhos enchem de lágrimas, choro (mas não deixo ninguém perceber) e não sei a razão. Não estou me sentindo deprimida, somente muito triste. Talvez seja falta de dormir e má alimentação.
Ontem passei por mais uma prova. Minha aluna comunicou-me que vai encerrar as aulas semana que vem. Ela deu explicação de controle financeiro...que estavam gastando muito...queriam juntar um dinheiro. Porém quem me paga não são eles e sim a firma do marido dela. Achei muito estranho...não entendi como eles iriam economizar comigo...mas fiquei quieta. É claro que fiquei chateada. Vou deixar de ganhar um bom dinheiro em dezembro e janeiro. Disse ela que em fevereiro voltava, mas acho que não. Contava com esse trabalho para me ajudar a ficar mais independente financeiramente. Quando contei aqui em casa, a primeira coisa que minha filha comentou que foi coisa da minha mãe. Como ela está doente, telefonei e comentei o fato. Ela achou muito natural. Então a minha ficha caiu!!! Ela ficou muito amiga do casal, que tem a minha idade e poderiam ser seus filhos. Ela está sempre saindo com eles e nunca me convida. Seria típico dela falar alguma coisa desse tipo: "você está falando bem, está se virando melhor ainda. Não precisa mais de aulas." Não seria a primeira vez e minha mãe tem tendencia de afastar as pessoas de mim. Segundo minha filha é pura inveja, pois sou altamente dedicada e sei os grandes progressos que a minha aluna fez. Só que as pessoas não imaginam como é duro para alguém que sofre de depressão e de crises de ansiedade, preparar as aulas, levantar da cama e dar essas aulas. Posso ter faltado algumas vezes, mas sempre compensei nas aulas seguintes. Estou com o meu coração pesado. Posso me desvalorizar em muitas coisas / situações, mas sempre fui uma excelente professora e sempre trabalhei (em outros lugares) com muito afinco, alcançando em pouco tempo cargos altos e sucesso e reconhecimento. Mas é como eu sempre digo: não adianta chorar sobre o leite derramado. Uma porta se fechou...com certeza outra vai ser aberta. E eu quero muito voltar a trabalhar.
E é lógico que não consegui dormir essa noite. Quando estava quase adormecendo, meu filho apareceu chorando. Ele tem muitos pesadelos. Minha filha, que também ainda não havia dormido, começou a discutir com ele por ele me incomodar. Coloquei ele na minha cama, tentei relaxar e nada. Então levantei, estou escrevendo agora, depois vou tomar uma ducha fria e ir dar minha aula. Na volta, pretendo tentar descansar. Sinto-me esgotada tanto fisicamente como emocionalmente, mas tenho uma paciência infinita em relação ao sono dos meus filhos. Talvez por privações de sono que passei por tanto tempo. Vivo o dia de hoje...amanhã será um outro dia. A única coisa chata é que o cansaço me afastou da internet. Quem sabe descansando em dezembro, conseguirei voltar com mais força...
B.A

domingo, 16 de novembro de 2014

17.11.2014

Meu final de semana foi péssimo. Meu ex marido já chegou de má vontade na sexta e assim foi até hoje de manhã. Ontem deu a maior briga entre nós...as crianças. Eu fiquei possessa. Não vou mais tolerar de ninguém despeito. Cansei!!! Também coloquei muita mágoa para fora e foi bom. Só que agora (cinco da manhã) ainda não dormi e ontem só comi um prato pequeno de comida. O nervoso desses dias foi tanto que estou tendo muita dor de estomago...só espero que não seja gastrite nervosa. E é claro que estou sem condições de dar aula hoje...minha ansiedade está lá em cima!!!
Não achei justo ter que passar por tanta aflição e mágoa. Não depois de tudo que aguentei todos esses anos. Meu ex marido foi omisso. Meus filhos se aproveitaram da situação e foram cruéis. A única coisa que desejo é deitar e ficar quietinha. Mas nem isso eu consigo...só espero que após escrever, meu coração se acalme e eu tenha um pouco de paz.
A pior coisa é ter crise de ansiedade. A gente não come...não dorme...não tem vontade de nada. E ainda somos culpados por uma situação que não criamos. Acabei praticando automutilação terrível no dedo, que está super inchado e dolorido. Também tirei pele dos lábios e agora eles estão muito sensíveis. Estou com várias alergias pelo corpo e sei que é de nervoso.
O mais sensato que tenho a fazer é manter o controle e tentar modificar certas situações. Preciso recobrar minha fé e aprender a ter fé em mim mesma...gostar e me respeitar mais. Se eu conseguir me valorizar e ver o quanto fui forte, principalmente na época do abuso, sei que vou ver que posso voltar a ser forte e lutar pelas minhas coisas e pela minha felicidade. Aos poucos, deixar de sobreviver, e passar a viver. Infelizmente não posso contar com ninguém. Eu nunca senti tanta solidão na minha vida...
O único remédio é reagir...reagir...e reagir.
B.A

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

12.11.2014

Ontem escrevi um pouco sobre as comunidades. Não quis dar "nome aos bois" e nem citar ninguém. Não é do meu feitio. Foi bom escrever o que penso...a minha opinião. Assim não fico remoendo por dentro e coloco mais um ponto final naquilo que estava me incomodando. Como já fui deturpada várias vezes, toda vez que coloco minha opinião ou comentário...assino. Assim, é uma garantia para mim. Já "peguei" 3 loucas e sei o estrago que podem fazer. E só não processei uma porque a considero muito doente no campo emocional. Mas agora vou lutar pela minha causa com mais força. A Comunidade "Filhas do Silêncio" tem por objetivo ajudar abusados sexualmente mais velhos (na faixa de 40 a 50 anos) e quero mostrar como é difícil para nós sobreviver. Há muita ajuda para as crianças / adolescentes...mas nós crescemos e merecemos a chance de viver, a chance de recuperação. Como na nossa época o assunto sexo...abuso era tabu, precisamos ficar em silêncio, sofrendo não somente a violência física, mais principalmente a psicológica. E é essa que deixa as marcas profundas, enraizadas no nosso ser, na nossa mente...nos deixando doentes e apáticos. Praticamos auto mutilação, temos transtornos alimentares e de sono, crises fortes de ansiedade. Precisamos de ajuda, mas onde buscar essa ajuda? Muitos não querem nem ouvir sobre nós...sobre o que passamos. Acham feio!!! Feio é a violência que sofremos. Viver constantemente em depressão é feio. Não conseguir trabalhar é feio. Não cuidar da casa é feio. Se achar um lixo é feio. Não sair de casa por anos é feio. Isso não é viver. No máximo, sobreviver. E é por isso que decidi que esse diário vai ser o meu porta voz. Porta voz de uma sobrevivente que tenta lutar, mas mal consegue. Quero que as pessoas saibam como é ser uma sobrevivente da pedofilia...molestamento...abuso sexual...estupro...e uma violência emocional cruel praticada pelo pai, mãe e irmã. Que as pessoas possam ver como é difícil levantar da cama, se alimentar um pouco e fazer as coisas do dia a dia.
O engraçado é que quando se trata de pedofilia ou estupro, as pessoas não acham feio...
Então escreverei um pouco sobre as minhas vitórias e derrotas. E com esses desabafos espero conseguir o que nunca consegui numa terapia: me perdoar...me valorizar...e me amar.
B.A

terça-feira, 11 de novembro de 2014

11.11.2014

Finalmente consegui um tempo para escrever. Senti falta, porém esses dias foram um caos. Minha filha está prestando vários exames...ela fica ansiosa...não dorme...e passou a ansiedade para mim. Não como...nem durmo...e estou tomando Rivotril demais. Tento controlar a ansiedade, mas nem sempre consigo. Não estou conseguindo dar aula...arrumar a casa...fazer outras coisas, o que é altamente frustrante. Crises fortíssimas de ansiedade é uma outra consequência do abuso sexual...
Tenho mudado um pouco a comunidade "Filhas do Silêncio". O grupo fechado só está aberto para eu postar e vai continuar assim. Também sou a única administradora, já que a minha confiança foi traída. Aos poucos estou reativando o grupo secreto (formado somente por mulheres abusadas). A página está indo bem. E semana passada reativei o perfil da Bya Albuquerque. Esse perfil servia somente para armazenar postagens, mas muita gente pedia amizade e eu resolvi reativar. Achei que seria perfil pequeno, mas uma das amigas é jornalista e ela me ajudou muito, indicando o perfil para outros jornalistas. Em uma semana já estou com 200 pessoas, mas não pretendo pedir mais amizades...o que terá de ser, será. Eu tinha 3 perfis da Bya. Dois deles lotados e um estava no começo. Porém foi quando comecei a ter sérios problemas de saúde e de coração, então precisei reduzir minhas atividades na comunidade. Hoje em dia estou dando um tempo nos dois blogs, somente mantenho esse. Aos poucos e devagar vou fazendo o meu trabalho.
Fico atônita de ver como certas comunidades são egoístas e seus administradores são egocêntricos!!! Sempre achei que uma causa não precisava de egos...competição. Mas me enganei. Há comunidades que pensam que nem eu. Outras só se preocupam com seu sucesso, colocando nome da sua comunidade em postagens cuja a figura está na internet...fazendo bottons e etc. Acho isso muito feio. Eu compartilho postagens de várias comunidades e com isso aumento o círculo de divulgação da nossa causa. Poderia também fazer o que fazem, mas não quis. Quando me ofereceram para colocar o nome da minha comunidade em tudo qualquer coisa, não aceitei. Como já disse: não importa quem está por trás da causa...o que importa é o objetivo. Tem uma comunidade que inclusive não permite que suas postagens sejam compartilhadas. É uma pena, pois são ótimas postagens e divulgaria a sua causa, que é bem diferente da minha. Pior somente são aquelas que colocam postagens sensacionalistas!!! De que adianta saber que um menino de 3 anos foi estuprado pelo padrasto e o mesmo foi linchado??? Parecem aqueles jornais de antigamente. Não acrescenta nada a nossa causa, pois devemos divulgar coisas importantes, como sintomas...o que fazer...as consequências. Essas comunidades são altamente curtidas, mas não pela causa em si, e sim por curiosidade mórbida, a mesma que permitia a venda de certos jornais e permite a audiência de certos programas. E é por isso que não aceito dar entrevista para certas revistas e nem aceito convite para TV. Prefiro fazer meu trabalho sozinha...devagar. Tenho recebido bons resultados e isso já é muito para mim. O menos é mais!!! Como podem ter pessoas querendo sua projeção a custa de dor e lágrimas??? Não consigo entender e acho simplesmente nojento...
Mudando de assunto, escrever fez falta. Somente aqui consigo expor os meus sentimentos...meus anseios...minhas faltas...meus sonhos. Continuo cuidando mal de mim mesma: não como...não durmo direito...e estou tomando muitos analgésicos e cerveja. Todos os dias prometo a mim mesma melhorar, mas sou fraca e isso deixa-me angustiada e ansiosa.
Continuo tendo sonhos intensos nas poucas horas que durmo. Acordo com a musculatura travada e dor de cabeça. Nessas duas horas de sono diário vivo uma vida intensa e desagradável. Algumas vezes sonho com umas pessoas que já foram importantes para mim, mas desde que escrevi sobre essas pessoas...quando sonho com elas...não sinto mais nenhum tipo de emoção. Considero isso um grande avanço para minha vida emocional.
Esse diário é a minha terapia. Não me importa quem lê e o que acham. Importa eu colocar para fora aquilo que guardei a vida toda somente para mim e nem para terapeutas consegui compartilhar. E se quem lê (eu não peço para lerem) não gostam...sinto muito. Não vou deixar de escrever.
B. A













terça-feira, 4 de novembro de 2014

04.11.2014

O intenso calor não permitiu que eu escrevesse durante um tempinho (e o cansaço também). As coisas não saem da mesmice. Sempre lutando contra mim e a family. Eu queria estar mais ativa, mais determinada. E tenho que ficar atrás das coisas dos meus filhos. É incrível como na idade deles, abusada constantemente, eu já cuidava das minhas coisas e da minha vida. Mas ontem fiquei que nem louca fazendo por eles o que eles mesmo deveriam fazer. Nesse final de semana minha filha prestará o ENEM. O dela é especial, para zerar as matérias que faltam para acabar o colegial. E até ontem, ela não teve o interesse de ver o local. Pressionada por mim e pelo pai é que viu. Agora ela deve imprimir o boleto do pagamento, porém não temos uma impressora. Então ela deveria gravar no pen drive e levar a um lugar para imprimir. Aqui em casa devemos ter mais de dez, inclusive dois surrupiados por eles de mim. E eis que não há mais nenhum!!! Quanta irresponsabilidade...sem comentários. O triste é que ela abandonou a escola novamente e eu tenho certeza que não vai conseguir pontuação necessária para zerar as matérias que faltam. É o mais triste é que tenho certeza que ela irá entrar na USP (é a que ela mais quer). Até quando ela não vai perceber que é preciso SIM estudar e o desperdício de tempo da sua vida...
Ontem fui fazer inscrição do meu filho numa das melhores escolas daqui para cursar EJA. E ele não queria ir junto...queria dormir. Também sem comentários...
Estou muito cansada porque não durmo quase nada. O fato de não dormir provoca o distúrbio alimentar. Minha médica passou um remédio fortíssimo (e caro): dormonid. É usado em casos de insônia extrema. Mas não consigo comprar porque está em falta. Espero conseguir comprar logo, apesar de ter certeza que já usei esse remédio e sem sucesso. Como faz muito tempo que não faço uso de remédios para dormir, mantenho uma grande esperança de que funcione.
A insônia, para mim, é a pior consequência do abuso sexual. Quando você não dorme, não consegue produzir. Não consegue se alimentar. Mal consegue viver. Comecei a ter insonia aos 15 anos. Antes, desde os 11, eu já não conseguia dormir bem, porém aos 15 é que ela se instalou com força total. Foi na época em que mudamos daqui para cidade mais perto do trabalho do meu pai e em vez dele vir a cada 15 dias, vinha todas as noites. Foi quando o abuso se intensificou. Final de semana "livre"...E foi quando também ele passou a me torturar com a privação de sono. Sábado e domingo eu não podia dormir à vontade. Ele me acordava cedo para ir à praia ou fazer outras coisas. Mesmo quando estava chovendo. Eu poderia dormir à tarde durante a semana, mas não conseguia de tanta depressão e tristeza.
Uma outra tortura praticada pelo meu pai (até hoje eu não entendo porque ele me atormentava desse jeito...) era não deixar eu tomar banho morno ou quente. Ele deu a ordem para que eu tomasse o banho somente após a sua chegada do trabalho, para poder fiscalizar. Quando não dormimos ou comemos direito, perdemos muito calor e sentimos um imenso frio. E eu não podia demonstrar o frio que estava sentindo, porque era frescura. Todos podiam tomar banho quente...menos eu. Todos podiam dormir, descansar...eu não. Vai entender a mente de um psicopata!!!
Dormi mal essa noite e vou tentar relaxar, pois mais tarde preciso preparar a aula que darei amanhã.
B.A

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

29.10.2014

Hoje acordei mais cedo para poder escrever. Tenho estado com pressão baixa e mal entro na internet. Acordei quase gritando com o pesadelo horrível que tive. Parece que foram horas de suplício...porém dormi menos de 3 horas. Meu pai...minha mãe...e minha irmã estavam nesse pesadelo.
Semana passada passei mal novamente do coração e deixei de dar aulas na quarta e na sexta. Na sexta, minha filha foi para Belo Horizonte passar o final de semana com a minha irmã. Nem eu e nem o pai ficamos contentes, mas ela usou o argumento de 18 anos. Mal ela sabe que deu tiro no próprio pé...  Eu e o meu filho passamos um final de semana tranquilo, até o domingo (de eleições). O que me atrapalhou muito foi a falta de dormir e comer. Meu organismo está enfraquecendo e estou deixando de fazer um montão de coisas por isso. A mente está sã e o corpo doente!!!
De sábado para domingo não dormi nada, fui ver uma série de TV paga (temporada toda - série de culinária). Meu filho também ficou acordado. Antes das oito horas já estávamos saindo de casa para votar. Comecei a passar mal logo ao sair. O tempo estava ótimo: fresco e fechado. E eu não entendi porque não conseguia respirar direito. A uns quarterões de casa senti minha vista escurecer e caí no chão. Não foi um desmaio, somente não conseguia respirar e acho que o esforço da subida foi forte o suficiente para mim. O colégio fica super perto de casa e eu não quis chamar a motorista. Fiquei caída no chão por um tempo, não tendo força para me reerguer. Senti muita frustração e impotência. Uma sensação horrível!!! Meu filho me ajudou, fomos andando devagar até chegar ao colégio e ao chegar lá, me passaram na frente, queriam chamar um médico (ficaram assustados com a minha respiração). Mas não precisou. O processo foi super rápido e a volta foi mais amena. Ainda bem que fomos aquela hora, pois um pouco mais tarde o tempo abriu e apareceu o sol quente do interior. Ainda tive o ânimo de passar no mercadinho e lavar roupa. Fui dormir lá pelas duas da tarde, descansar um pouco, já que o avião da minha filha tinha de chegar à noite. E aí começou um novo suplício. Três voos foram cancelados, inclusive da minha filha. Não conseguíamos nos comunicar direito...eu só sabia que ela ia chegar atrasada. Depois fiquei sabendo que ela ia ficar no hotel...pegar de manhã um avião até outra cidade e viajar mais de duas horas até aqui de ônibus. Eu não sabia nem horários e nem nada. Minha irmã não esperou a minha filha embarcar e quando telefonamos para ela ver em que hotel minha filha estava, ela simplesmente não retornou a ligação. Foi angustiante!!! Lá pelas duas horas da manhã (a essa altura nem eu...nem meu Amigo...e nem meu filho conseguimos dormir), meu Amigo ligou para dizer o horário em que ela ia embarcar no avião, mas ela não tinha nem horário do ônibus e nem se ia chegar no aeroporto ou na rodoviária. Um pouco depois das quatro ela ligou e disse que os passageiros estavam super revoltados e vários, assim como ela, preferiram ficar no aeroporto mesmo, já que a CIA Aérea fez confusão com as reservas do hotel e o hotel ficava a uma hora e meia do aeroporto.
Não dormi nada, levantei cedo, tomei um banho gelado e fui dar aula. Quando estava para terminar, meu Amigo ligou avisando que ela já estava na cidade próxima e que conseguiu o avião até aqui. Avisei a motorista, e novamente foi tudo super ansioso, já que esse avião atrasou também. Uma confusão só!!!
Com a minha filha em casa, de banho tomado e após ter comido um pouco, nos deitamos e ela dormiu 20 horas seguidas. Eu levantei à noite para cuidar do filhote e me obriguei a fazer uma sopa e comer. Acredito que com o estômago cheio consegui dormir e relaxar até a manhã. Só que ontem a minha pressão desceu muito e eu mal consegui sair da cama. Obriguei-me a comer o resto da sopa (amo sopas), mesmo estando sem fome. Mas não consegui dormir direito...já tomei meu banho frio...e estou semi preparada para dar aula.
Domingo também fiquei triste e desiludida por causa da eleição. Não queria que a presidente atual ganhasse e ela ganhou praticamente fifty a fifty. Sabemos dessas urnas eletrônicas, que dão vasão a muitas fraudes. Pode ser que até houve fraude, mas isso não interessa mais...já aconteceu. O que me assustou foi que a metade do país votou numa candidata que anda de mãos dadas com a corrupção, fazendo "vista grossa" para a mesma. Esse fato assusta e muito. O povo não liga. Então como posso ter ânimo de lutar por uma causa social / humanitária se sei que o governo continuará a não fazer nada???!!! Eu nem gosto do outro candidato, porém a sua eleição poderia representar alguma mudança. O jeito é recobrar o ânimo e voltar a fazer a minha minúscula parte.
B.A








quinta-feira, 23 de outubro de 2014

23.10.2014

Sim, estou separada. Meu ex marido passou uns quatro dias aqui conosco e decidimos que assim seria melhor. Porém a separação está sendo feito numa boa, com muito respeito. E a amizade, como sempre, prevalece. Por isso, vou chama-lo aqui de Amigo e não de ex marido. No início foi muito estranho...a gente não sabia como se tratar. Mas após 21 anos de casamento é burrice tratar-se mal, então as coisas foram fluindo e encontramos termo amigável. Agora cada um poderá seguir com a sua vida sem precisar excluir totalmente o outro...
Final de semana tranquilo e com muito, muito calor. Assistimos vários filmes...séries. Foi bom também eu deixar bem claro que agora ele precisa ter mais decisões sobre os meninos. Nesses dias que passou aqui mostrei a ele como as coisas são e como as crianças agem. O bom é que ele compreendeu e começou a colocar ordem. Viu que não era tudo como eles lhe falavam...que muitas queixas não procediam. Somos muito culpados em ter permitido as coisas chegarem nessa situação, mas todos somos falíveis e não sou tudo aquilo que as crianças falavam de mim. Sempre botei "panos quentes" em certas situações porque queria que quando o pai viesse, ele pudessem aproveitar o tempo em vez de brigar. Mas desta vez não fugi das coisas e mostrei que tento me esforçar, porém é difícil quando eles gritam comigo ou simplesmente dizem que não posso mandar neles. Agora estou com esperanças que o pai tenha o pulso firme e que as crianças irão sempre em frente. Não é e não está sendo fácil...mas ao perceber que todos estão bem, também estarei. Eu sempre afirmei que uma separação não precisa ser feita com ressentimentos. O que vale é o tempo bom juntos, não joga-lo fora. Manter o respeito e a amizade...companheirismo. O resto se ajeita. Meu Amigo tem um bom coração, tem os seus defeitos...assim como eu. E os meninos ficaram perdidos por um tempo, mas vamos tentar sanar isso.
O calor da semana passada acabou literalmente comigo. Essa semana também está sendo quente, mas semana passada achei que fosse "enlouquecer" de tanto calor. Não consegui dar aula nem quarta e nem sexta (estou repondo). Não conseguia nem comer, nem beber (mesmo a cerveja) e nem dormir. Sexta foi o pior dia...
Segunda fomos almoçar no shopping. Eu mal consegui comer. Passei tão mal, que precisei ir embora com urgência. Quase caí da escada rolante e achei, em vários momentos, que fosse desmaiar. Mas depois melhorei e estou tentando me manter bem.
Montamos a árvore de Natal, que é um evento que aprecio demais...
Semana passada uma querida amiga me ligou e pediu para eu não escrever mais nesse blog...não me expor. Isso significaria voltar a condição de filha do silêncio. Não fico pensando quem lê e o que acham do que escrevo. Não estou nem aí. Passei a vida toda escondendo...maquiando os meus sentimentos. E esse diário fez eu colocar para fora coisas que jamais comentei e nem comentaria com nenhuma psicóloga. Esse diário conseguiu fazer eu colocar até agora 3 pontos finais em 3 situações: ponto final no ressentimento em relação ao abuso e ao meu pai; ponto final no relacionamento com a minha irmã; e ponto final no casamento. Esses pontos finais foram de extrema importância para mim...sinto-me mais aliviada e com mais esperanças. Falta muito. O mais difícil é colocar um ponto final nas agressões verbais da minha mãe. Espero conseguir para passar para a próxima etapa. E esse diário é essencial para isso. Acho que quem não gosta, não precisa ler. mas vou continuar a escrever e despejar pra fora todas as mágoas...raivas...e ressentimentos. Perguntei ao meu Amigo e à minha filha sobre isso e eles acham que devo continuar. Somente espero conseguir.
B.A

terça-feira, 14 de outubro de 2014

14.10.2012

Ontem o dia foi tranquilo, tirando o calor absurdo. Fui dar aula à tarde e me senti mal...tinha esquecido de comer. Aliás, com um calor de 42 graus simplesmente não tenho fome. Não consigo e nem tenho vontade de fazer nada: entrar na internet...ver TV...ler. Pareço uma pessoa que está no automático.
Minha filha voltou ontem de São Paulo. Foi ver a exposição do Castelo Rã Tim Bum no Museu de Imagem e Som, o musical "O Rei Leão" e visitar a família do meu ex-marido. Achei que ela estivesse finalmente mais ajuizada em relação a sua vida...porém me enganei.
Meu filho não quer nada com nada. Fica no computador o dia todo. Mas eu também parei de fazer as coisas por ele. Ele não está quase emancipado? Então que corra para alcançar a vida.
Conversei com o meu ex-marido ontem e conseguimos conversar numa boa. Disse a ele tudo que estava sentindo. Coloquei a magoa e a dor para fora. Dor de saber que mais uma vez joguei a minha vida fora por uma pessoa, que num momento de raiva, jogou pela janela 21 anos de união. Ele diz que é porque me ama, que quer me ver reagir. Mais uma pessoa que mostra aos outros que entende o que é a depressão. Mas se entendesse, teria percebido o quanto estou mal...sozinha...e de quanto precisava dele nesse momento tão difícil para mim. Por causa do seu orgulho, sua família acha que não sou ninguém. Sustentei por anos a nossa família e em todas ocasiões sempre fiquei ao seu lado...mesmo não concordando com a situação. Ele também cuidou e muito de mim. Fifty a fifty. Só que agora ele vai continuar com sua família e seus amigos. E eu, por causa dele, briguei com a minha e perdi a única amiga que tive nesse mundo real, o qual o virtual não substitui. E isso dói e por isso sinto-me traída. A dor e a indignação já passaram (por isso estou conseguindo escrever). Para uma pessoa que me ligava só para dizer que me amava e ouvir a minha voz, quem saiu perdendo foi ele que não soube reconhecer o meu amor. Já disse que o amor possui várias vertentes...amor não é somente a paixão. Não pretendo me envolver tão logo com outra pessoa e muito menos desejo um outro casamento. Mas com o tempo espero recuperar a minha auto confiança e estima, e com isso encontrar um homem que me valorize mais.
Continuo tendo pesadelos e dormindo mal. Quando finalmente resolver o divórcio e a situação dos meus filhos (o que com certeza deve demorar um pouco), tenho certeza que a minha qualidade de vida melhorará.
B.A

domingo, 12 de outubro de 2014

12.10.2014

Agora a situação está oficializada para toda família. Estou bem tranquila e esperançosa quanto ao futuro. Ele não está querendo conversar muito, mas procuro agir com calma e carinho. Durante mais de 21 anos fomos muito unidos e companheiros e não quero jogar fora essa amizade. A única coisa que pode estragar o meu sentimento é o seu orgulho.
Sexta feira conversei muito com o meu filho e também chorei muito. Resolvi aceitar a emancipação. Pelo menos estou vendo ele com mais responsabilidades e também ele percebeu que sair de casa, aos 16 e sem estudo, não ajuda muito. Se é isso que ele quer, então só posso desejar com o coração de mãe que seja muito feliz. E eu sempre estarei aqui para apoia-lo. Mãe é mãe.
Começo a fazer planos para mim...pelo menos em pensamentos. Antes, nem isso. Não será fácil, mas até agora a vida nunca foi fácil para mim!!!
Eu ia escrever sobre o meu pai, o quanto ele é responsável, juntamente com a minha mãe e minha irmã, por toda essa situação. Mas resolvi deixar para lá...não vale a pena...não vou recuperar o que perdi...e no fundo sei e já estou vendo as pessoas que me prejudicaram, pagarem por isso (colhemos somente o que plantamos).
Vou seguir em frente. Sei que estou deprimida, com baixa estima e fobia social. Também sei que isso não vai sumir de um momento para outro, assim como a minha ansiedade e problemas de saúde. Mas vou tentar não desistir de mim mesma. Continuar dar minhas aulas...tentar colocar casa em ordem.
No fundo, a plena verdade é que estou aliviada em terminarmos o nosso casamento. Estou com esperanças de coisas novas...muitas delas não consigo ainda admitir para mim mesma. E estou feliz por ele, pois não sou mais mulher para ele e isso me deixava altamente deprimida e culpada. Pelo menos, resolvendo a questão sexual, sinto-me menos culpada. E também isso não quer dizer que vou me fechar para vida...Ao contrário, vou procurar viver melhor, mesmo sabendo que não será fácil.
B.A

terça-feira, 7 de outubro de 2014

07.10.2014

Hoje finalmente aconteceu. Meu marido pediu a separação. Não fiquei nem triste e nem chocada. Porém fiquei triste com o modo de como aconteceu. Eu sempre disse que as crianças ainda um dia iam conseguir provocar esse fato e estive certa o tempo todo. Mas fiquei magoada, pois toda culpa foi jogada em cima de mim e não é justo. E é claro que meu filho, que quer a sua emancipação, provocou o atrito. Para a família do meu marido não sou nada...pois ele sempre foi tão orgulhoso que nunca contou quanta barra eu segurei dele e o quanto eu sustentei a sua falta de habilidade. Mas já estou acostumada a ser rejeitada e de sofrer ofensas. Isso porque ele dizia que me amava. Quem ama de verdade sabe ter discernimento e não deixa se influenciar por um garoto de 16 anos, que passou quase o ano todo mentindo para nós. Mas tudo bem. Nós já não estávamos casados mesmo, pois casamento é compreensão.
Sempre disse a ele para gente se separar e ele refazer sua vida. E sempre ouvi a mesma resposta: te amo...vc é importante para mim...a minha missão é cuidar de você.
Não. Quem cuida de mim sou eu mesma...se não fosse assim, já estaria morta.
Agora é bola pra frente. Deixar passar esse momento difícil, pois foram 21 anos de casamento e tivemos muita união e muitos momentos felizes. Assim como ele, vou reconstruir a minha vida, ajuda nunca faltará.
Só que não tem mais volta. Tenho também a minha dignidade. Ouvi dele que está fazendo isso por mim, que era para eu reagir. Então não sabe e nunca soube sobre mim...nunca me conheceu direito. Tenho certeza que o amor é muito mais...que o amor desconhece o termo SE. Vou aprender a viver a nova situação...vou ser positiva e me sair bem.
B.A

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

02.10.2014

Ainda está difícil escrever e colocar para fora o assunto sobre o meu pai...os últimos assuntos. Estou muito fragilizada...brigas com o meu filho...descontente com a filha...falta de sono. E quando finalmente colocar para fora essa dor e ressentimento, quero que seja pela última vez.
Infelizmente não estou conseguindo escrever, porém não paro de pensar. Pensando, deduzo vária coisas...situações. E uma delas é quanto as pessoas devem me achar fraca pelo o que aconteceu comigo e tentam tirar vantagem disso. Essas pessoas estou colocando, aos poucos, para fora da minha vida. Não sou nem fraca e muito menos burra!!! A cada dia busco minha dignidade, tentando devolver a mim mesma um pouco de sentido e de paz.
 Muitas vezes acredito que vou conseguir e outras vezes fraquejo nos meus anseios e esperanças.
Falar da violência emocional...das humilhações sofridas e do assedio moral não é fácil. Espero, com toda minha vontade, que esse diário possa me ajudar.
B.A

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Reportagem da REVISTA CATEDRAL / Francielly Martins Zaluski

É INCRÍVEL COMO UMA REVISTA CATÓLICA PODE FAZER DIFERENÇA, SEM SER PARCIAL E SEM TABUS. E PRINCIPALMENTE SEM OMISSÃO SOCIAL. EU JÁ FUI CONVIDADA PARA VÁRIOS PROGRAMAS DE TV E VÁRIAS ENTREVISTAS, PORÉM CONCORDEI EM DAR SOMENTE UMA, PARA A REVISTA ISTO É, ATRAVÉS DA QUAL CONHECI PESSOAS INCRÍVEIS. FRANCIELLY ME PROCUROU PEDINDO PARA USAR ALGUNS DEPOIMENTOS DO SEGUNDO BLOG, ONDE TODOS OS DEPOIMENTOS QUE ME FORAM ENVIADOS ESTÃO SOB PSEUDÔNIMO. E PEDIU PARA QUE EU RESUMISSE A MINHA HISTÓRIA. ACABEI DEIXANDO ALGUNS FATOS DE FORA (ESQUECENDO), MAS O RESUMO FOI COLOCADO NA ÍNTEGRA. É BOM SABER QUE TEMOS VOZ...SEM SERMOS APELATIVOS...
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PEDOFILIA:
DIGA NÃO!
O perfil é do típico “gente boa”,
politicamente correto, inserido na
sociedade, com profissão e renda,
alguns casados e com filhos,
acima de qualquer suspeita. Eles
se aproximam sorrateiramente,
ganham a confiança da criança,
e em seguida arrancam sua
inocência e infância.

O PERIGO MORA AO LADO
Em março deste ano o Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada - IPEA divulgou o estudo Estupro no Brasil.
A pesquisa estima que pelo menos 527 mil pessoas
são estupradas por ano no Brasil. Deste total, 70% são
crianças e adolescentes mas apenas 10% dos casos
chegam ao conhecimento da polícia.
A impunidade é ainda mais frequente quando o crime é
cometido por um membro da família ou pessoa próxima
à criança. Por medo e por vergonha o crime é silenciado
e o criminoso fica impune para continuar a prática com
aquela e outras crianças.
De modo geral, 70% dos estupros são cometidos por
parentes, amigos e conhecidos da vítima. Em se tratando
de crianças, este número sobre para 87,5% o que aumenta
ainda mais a impunidade já que segundo a ministra
Maria do Rosário, da Secretaria dos Direitos Humanos
“As autoridades chegam a uma parcela pequena. A
violência é mantida sob um manto de segredo quando
se trata do abuso sexual intrafamiliar. É difícil romper
este segredo”.
Delair e Bya sabem bem como é guardar o aterrorizante
segredo. Elas não se conhecem, mas, carregam traumas
de infância muito parecidos. Foram abusadas e
aterrorizadas pelos seus próprios pais, guardaram por
anos as lembranças e dores das agressões. Quebraram
o silêncio ao contarem para os maridos, e apoiadas por
eles, resolveram ajudar outras vítimas e ex-vítimas.


BYA ALBUQUERQUE
“Meu pseudônimo é Bya Albuquerque e sou fundadora da
comunidade “Filhas do Silêncio”. Faz 5 anos que fundei
a comunidade. Hoje tenho 47. Fui abusada pelo meu pai.
O abuso começou antes dos 2 anos e se prolongou até os
26, um pouco antes do meu casamento. Vim de família de
posses. Meu pai foi um intelectual com amigos influentes
e também foi um pedófilo e psicopata. Minha mãe
desconfiava, mas ficou quieta. Considerou-me como rival
dela. Passei por todas as fases do abuso: molestamento,
pedofilia, estupro. Com direito a uma gravidez e um
aborto. Muitos perguntam: por que tanto tempo? Eu fui
altamente, cruelmente, e brutalmente chantageada pelo
me pai. Pior que abuso físico, foi a violência emocional
que sofri por parte da minha mãe e do meu pai. Fiz isso
para proteger minha única irmã, 12 anos mais nova. Hoje
em dia ela me despreza e acha que sou mentirosa e louca.
Minha mãe foi tão agressiva verbalmente comigo, que
deixei de viver a adolescência e juventude. Ela me fez
sentir-me um lixo. Após o casamento, meu pai sentiuse
perdedor e começou a praticar assedio moral comigo
e meu marido. Quando a família direta dele soube do
abuso, considerou-me um segredo sujo. Uma família com
dinheiro e formação intelectual.
As consequências físicas e emocionais que sofro até hoje,
e principalmente nesse tempo, são: Doença de Cushing,
vaginismo, transtorno alimentar, depressão, insônia,
fobia social, baixa autoestima, ataques de ansiedade
entre outras.
Sempre fui forte, me formei, casei, tenho dois filhos, mas
não sou feliz. Acho que alguém que passa pelo abuso
sexual e violência psicológica dificilmente alcançará a
paz.
Minha comunidade tem como objetivo maior ajudar
mulheres e homens mais velhos, que vivenciaram o abuso
numa época que isso e o sexo eram tabu, a serem mais
fortes e conseguirem desabafar. Sou sozinha, mas aos
poucos tenho conseguido ajudar e com isso, ajudar a mim
mesma. Não tenho ilusão que o abuso sexual vai acabar.
É como falar no fim de uso das drogas, violência urbana,
corrupção. Mas acredito plenamente na solidariedade”.
Bya tem três blogs, no Diário de uma filha do Silêncio,
fala sobre seu dia a dia e das dificuldades decorrentes dos
traumas sofridos. No Filhas do Silêncio ela posta notícias,
poesias e letras de músicas e no Filhas do Silêncio 2,
dezenas de pessoas postam seus depoimentos, e usam
o espaço para desabafar.

30.09.2014

Foi bom ter desabafado... Estou me sentindo bem mais aliviada. Mas continuo tendo pesadelos fortes, que de manhã acabam comigo. 
Antes eu guardava toda raiva...frustração...e sofrimento dentro de mim. Não conseguia e não podia falar e somatizava a dor emocionalmente e fisicamente. Também nunca chorei por causa do abuso. Já me sentia o bastante humilhada e suja por causa do mesmo, então engolia o choro. Durante anos e anos. Não choro hoje em dia, mas permito-me ficar com raiva e coloca-la para fora.
Outra coisa tem me incomodado muito. Mas ainda não estou pronta para falar dela...tudo no seu tempo devido.
Por causa dos pesadelos acordo com os ombros travados...taquicardia...e dor de cabeça. Está difícil de escrever. Está difícil de qualquer coisa, principalmente com esse calor.
B.A

domingo, 28 de setembro de 2014

28.09.2014

Não é hoje que vou escrever sobre o meu pai. É que estou tão chateada com outras coisas que preciso desabafar antes...antes de escrever o resto da história com o meu pai. Escrevendo e desabafando hoje, pretendo colocar uma pedra sobre o assunto da minha irmã e minha mãe. E quando escrever sobre o meu pai também espero que seja a última vez. Estou cansada...esgotada emocionalmente. À força, estou tentando me alimentar um pouco melhor e estou até tomando um complexo de vitaminas. Mas a qualidade do meu sono piorou e muito. E desde que comecei tomar as vitaminas, não consigo mais dormir à tarde. Preciso exorcizar certos fantasmas...e certas pessoas que me machucam...sem razão alguma.
Estou em plena depressão e não tenho feito nada. Não consigo mais escrever...ver TV...ler...entrar na internet. Tenho muita vontade de sair, porém não consigo. Tenho vontade de arrumar a casa e colocar a roupa em dia...e não consigo também. A casa está um caos que até tenho vergonha de chamar a faxineira. Não posso contar com ninguém, só que estou completamente lúcida e sinto-me um lixo total.
Hoje chorei muito (e é difícil eu chorar por causa do abuso). Mas fiquei muito chateada com a minha filha. Basta minha irmã chamar e minha filha atende. Só que desta vez me senti traída, já que minha filha tem 18 anos e sabe muito bem pelo que passei e ainda passo. E o mais triste é que ela também passa mal emocionalmente, como consequência do abuso emocional que eu sofri...meu marido sofreu...e os meus filhos também. Ela não pode jogar nos dois times. Basta ver o que ela sofreu emocionalmente por causa da minha irmã e da minha mãe. Então me senti meio que violentada nos meus sentimentos. Grande parte do que sofro ultimamente é por causa dos meus filhos. Fiz de tudo para poder ser uma boa mãe, mesmo doente ou passando por maus momentos. E acho que merecia um pouco de reconhecimento por parte dos dois...
Minha mãe também andou falando mal de mim...isso é simplesmente deprimente. Que ela e minha irmã me esqueçam e me deixem em paz!!! Essas são as minhas últimas palavras sobre as duas. Desprezo pessoas sonsas e irresponsáveis.
Outro que está na minha lista negra é o meu marido. Ou ele muda de atitudes ou perderá a esposa que diz que tanto ama. Falar "eu te amo" pelo celular é fácil. Difícil é lutar pela continuação da relação e tomar certas providências. E eu estou cansada de esperar...
B.A




sábado, 20 de setembro de 2014

20.09.2014

Fiquei uns dias sem escrever. Segunda e terça feira tive um desentendimento muito forte com o meu filho. O pior de todos que tive até hoje. Terça de madrugada fui parar novamente no PS. Quarta não consegui dar aula e precisei ficar em repouso. Sexta dei aula, mas com uma tosse seca forte e muita dor de cabeça. A dor de cabeça é por causa do forte calor e secura. Aqui em casa mal temos nos alimentado...uma vez por dia. As crianças comem um pouco mais, porém eu...muitas vezes...não consigo comer nada. Só tomar a cerveja. Tenho aproveitado para ver as séries e alguns filmes (geralmente é com minha filha). Meu filho repetiu a sétima série de novo e não sabemos o que fazer com ele. O jeito será mante-lo dentro de casa e longe dos amigos que não são boa influência para ele. Como vou fazer de tudo para sair daqui, não quero que trabalhe...mesmo porque não confio que ele vá. Se der tudo certo, mudaremos para uma cidade menor e aí poderei (assim espero) controlar os seus passos e as suas amizades.
Tenho dormido muito mal...muito mal mesmo. Mas na quarta feira de manhã dormi um pouco e sonhei com o X. Sonhei poucas vezes com ele e sempre de longe...sem nenhuma interação. Só que desta vez foi um pouco diferente: conversamos amistosamente, já que fazíamos parte da mesma causa social e voluntária. Quando acordei não senti nenhum tipo de emoção...só que passei a pensar nele com mais frequência, o que não importa, já que sou o suficientemente forte para corta-lo novamente dos meus pensamentos.
Também estou super chateada com um amigo do face. Tento dar força para ele, só que acho ele um pouco imaturo e estou cansada de sempre a ser eu a tomar iniciativa na nossa amizade. No final do mês ele fará aniversário...darei os meus parabéns...e estou pensando em exclui-lo. Amizade não é via de mão única...
Abandonei completamente os dois blogs e espero, em outubro, voltar a postar. O grupo secreto (somente para as mulheres abusadas) está totalmente parado, pois esse é para elas, mas não há iniciativa por parte de ninguém e estou "cheia" com a falta de iniciativa. O que vai muito bem é a página. Como sou administradora, vejo as visualizações. São poucas as curtidas nas postagens...nem todos se sentem à vontade para curtir. Em compensação as visualizações aumentaram mais de 100 % e estão sempre sendo compartilhadas. É muito bom quando o seu trabalho e o esforço dão resultados.
Hoje vou ter de ir ao banco e supermercado. Já estou ansiosa pela saída e, apesar de ter tomado 2 Rivotris, só consegui dormir 3 horas. A senhora que me leva vai passar à tarde, então depois espero descansar.
Na próxima postagem continuarei a história sobre o meu pai.
B. A







domingo, 14 de setembro de 2014

14.09.2014

Esses dias tenho sentido um cansaço terrível. E no pouco tempo que consigo dormir, sonho com meu pai e minha mãe. Desde que o meu pai morreu...faz sete anos...somente uma vez tinha sonhado com ele tentando abusar sexualmente de mim. E essa semana, nas poucas duas horas que consegui dormir, sonhei que ele estava tentando me estuprar...Sem comentários.
Meu pai, além de abusador sexual também foi um psicopata. Passei parte da minha infância...toda adolescência...e parte da juventude sentindo um verdadeiro pavor, terror dele. Bastava ele me olhar e eu começava a tremer. A violência emocional que sofri da parte dele foi pior que a violência física. O mais triste é que não conseguia ir embora por causa da chantagem emocional que ele fazia comigo em relação a minha irmã. Me arrependo de não ter ido embora. Doei parte da minha vida a uma pessoa que não deu valor e que não merecia o meu sacrifício. E com isso estraguei a minha. Hoje em dia minha mãe e minha irmã continuam não acreditando sobre o abuso que sofri por parte do meu pai. Abuso...estupro...gravidez...e aborto. É muito para uma jovem de 22 anos. Não tinha ninguém. Não podia contar com ninguém e nem contar a ninguém. Todos os médicos...psiquiatras...psicólogos estão de acordo que minha mãe sabia, porém ela nega. O que não a impediu de ser agressiva comigo e abusiva verbalmente. O abuso verbal que sofri por parte dela na adolescência foi tão forte que até hoje tenho baixa estima e fobia social e vergonha de mim mesma. E mesmo meu pai sabendo que ela estava sendo injusta comigo...não fez nada.
Meu pai era tão doente que eu só pude prestar o vestibular para USP e para o curso de Ciências Sociais...isso é apenas um exemplo. Pois ele escolheu isso para mim e se sentiu frustrado que trabalhei pouco como antropóloga. Durante 25 anos dei aula de Russo e Português. Também fiz muitas traduções. Parei quando fiquei com depressão profunda (duas vezes). Da primeira vez fiquei oito meses sem sair da cama e da segunda, cinco. Voltei a fazer uma tradução num evento importante e nesse último mês tenho dado aulas de português para uma russa. Deus sabe o quanto está sendo difícil. Difícil de levantar após uma noite insone. Difícil de sair de casa. Ganho bem...porém metade do ganho gasto com a minha motorista. Não era para ser assim...
Quando me casei, aos 26 anos (o abuso durou durante 25) ele fingiu que aceitava o meu marido e o casamento. Puterrimo da vida, pois não poderia mais me estuprar. Então começou com tudo estuprar a minha mente. Começou minando meu casamento como fez com todos os namorados que tive. Começou a fingir que estava contente, principalmente quando os netos vieram. O que não o impediu de mentir e falar mal do meu marido para a família e tentar me comprar para eu me separar dele. Eu até poderia ter sido canalha com ele, mas não fui. Mesmo porque duvido que ele cumpriria o prometido, como já não tinha cumprido várias vezes. No dia em que completei 10 anos de casada, ele fez questão de me dar os pêsames. Isso foi a gota d'água. Mal eu imaginava o que ainda estava por vir. E veio com toda a força de destruição...humilhações...grandes privações. 
Vou deixar para contar outro dia...estou cansada agora.
B.A