sexta-feira, 17 de abril de 2015

17.04.2015

Hoje, minha filha chega à noite para passar quatro dias conosco. Estou super feliz. Faz um mês e meio que não a vejo e a saudade é enorme!!! Com a visita dela espero que a crise de ansiedade diminua e que as forças que perdi, voltem.
As últimas duas semanas não foram nada fáceis. Muita dor nas costas (ontem comecei a tomar um analgésico forte e estou mais aliviada). Muita dor de cabeça. Tento aguentar a dor sem remédio, porém muitas vezes acho que vou enlouquecer, pois é uma dor constante e chata. Como troquei de óculos...não é da vista. Crise de ansiedade intensa. Simplesmente horrível, mas também tento controlar a mesma com os exercícios de respiração. Mas o pior de tudo é o transtorno alimentar. Semana passada emagreci cinco quilos. Essa semana estou tentando me alimentar um pouco mais. No sábado cheguei ao ponto de quase desmaiar. Ainda bem que o meu filho me ajudou.
A apatia que sinto é enorme. De manhã bem cedo entro na comunidade e no face. E depois passo mais de doze horas jogada na chaise long vendo TV...qualquer coisa. Por causa de toda a tristeza e solidão...toda raiva que sinto de mim mesma por não reagir...por me entregar, aumentei a auto mutilação. Meus dedos estão em petição de miséria...Muitos acham que automutilação é somente se cortar. Não...muitos praticam o cutting por outras razões emocionais...ou seja, nunca passaram por uma abuso sexual. Eu pratico, segundo a minha mãe, antes dos dois anos. Foi assim...entre outras coisas...que os médicos definiram o molestamento desde bebê. Eu nunca me cortei. Mas tirava pele ao redor dos dedos das mãos...as unhas...e a pele do lábio. Nunca com a boca, sempre com os dedos. Hoje em dia continuo somente tirando a pele ao redor dos dedos, que chegam a inflamar e preciso passar uma pomada com antibiótico. A visão é muito feia e faz anos que não faço a unha por causa da vergonha. Conheci um rapaz que tirava pele ao redor dos dedos dos pés. Chocante!!! Muitos da minha comunidade também tiram a pele dos dedos e dos lábios. Foi bom saber que não sou a única. E tem gente que se corta. Uma delas chega a fazer desenhos em tela com o próprio sangue. Quando estou no auge da crise de ansiedade, costumo também tirar pele dos lábios, o que é altamente dolorido.
Nesse momento estou me sentindo desprezível...
B.A

Automutilação (AM), é definida como qualquer comportamento intencional envolvendo agressão direta ao próprio corpo sem intenção consciente de suicídio. Os atos geralmente têm como intenção o alívio de dores emocionais e em grande parte dos casos, estão associados ao Transtorno de Personalidade Borderline. As formas mais frequentes de automutilação são cortar a própria pele, bater em si mesmo arranhar-se ou queimar-se. A auto-mutilação é comum entre jovens e adolescentes que sofrem pressão psicológica. Automutilação refere-se a comportamentos onde demonstráveis feridas são auto-infligidas. A maioria das pessoas que se automutilam estão bastante conscientes de suas feridas e cicatrizes e tomam atitudes extremas para escondê-las dos outros. Eles podem oferecer explicações alternativas para suas feridas, ou tapar suas cicatrizes com roupas. A pessoa que se automutila não está, usualmente, querendo interromper sua própria vida, mas sim usando esse comportamento como um modo de cooperação para aliviar dor emocional e desconforto. O auto-mutilador tende a ter grandes dificuldades para se expressar verbal ou emocionalmente, portanto, não consegue falar publicamente sobre suas angústias nem chorar diante de outras pessoas. Essa dificuldade de expressão acaba, em muitos casos, sendo um forte fator que desencadeia o comportamento auto-mutilador. Alguns indivíduos afirmam que escrever (textos, poemas, contos, músicas, etc.) lhes parece de grande ajuda, como uma forma de expressar suas emoções, o que não conseguem fazer de outras formas. Desse modo, a necessidade de se mutilar diminui significativamente. Não possui amor próprio e usualmente define a si mesmo como sendo "um lixo humano, uma criatura insuficiente e fracassada, que não tem direito de conviver com os demais". Desse modo, alguns tendem a se afastar da família e dos amigos, buscando poupá-los do mal que presumem ser a sua presença. Com o tempo, se veem executando sozinhos atividades que costumavam fazer em grupo.

quarta-feira, 8 de abril de 2015

09.04.2015

Insônia...ansiedade (que já está melhorando)...eu e a filha fizemos as pazes...eu e o meu marido entramos em acordo sobre certas coisas...filhote regredindo...eu e meu filho num baita transtorno alimentar.

TIRANO: Pessoa sem humanidade; quem é cruel e desumano. Senhor absoluto.

CRUEL: 
  1. que tem prazer em fazer mal
  2. bárbaroseveropungentedolorososanguinárioatrozdilaceranteperverso

SOCIOPATA: Alguém incapaz de se enquadrar nas normas da sociedade, tem habilidade para enganar pessoas, é extremamente egoísta, não se envergonha de seus atos maus, não sente necessidade de melhorar, porque não acredita estar errado nunca, não sente culpa e sequer se arrepende de seus atos, geralmente é maldoso e teatraliza sentimentos para impressionar os outros.

Esse foi o meu pai. Ele não foi somente cruel comigo, como também com a minha mãe. É de certa forma a dominou e talvez por isso ela se manteve calada diante o meu sofrimento e descontou em mim as suas frustrações.
Muitos acham que um sociopata / psicopata é aquele que mata o seu corpo. Não...ele também te mata por dentro, destruindo os seus sonhos...desejos...e esperança. E depois que ele perde o poder direto sobre você, faz de tudo para destruir sua vida e a dos seus próximos. E meu pai foi mestre nisso.
Por exemplo:
1. Ele nunca deixou eu levar os amigos em casa, sempre me isolando da sociedade. E as raras vezes que deixou, sempre tentava me humilhar e diminuir na frente deles.
2. Eu não podia namorar e nem ir às festas na adolescência. Ele garantia isso restringindo ao máximo o meu guarda roupa.
3. Eu somente pude fazer Ciências Sociais e tinha que ser na USP...pois como ele trabalhava em São Paulo e a gente morava em Santos, achava que poderia comprar um apartamento e ficar durante a semana comigo...abusando sexualmente. Quando ele, após dois anos e meio, finalmente resolveu comprar um, eu saí da faculdade e terminei bem mais tarde. Ele determinou que tinha que ser Ciências Sociais e pronto...
4. Privação de sono: eu já sofria de uma forte insonia e nos fins de semana ele me acordava cedo para ir à praia...fizesse sol ou tempo nublado. Não deixava eu descansar à tarde. E ai de mim se eu recusasse ou dissesse que estava cansada, com sono. Muita crueldade. Esse martírio durou até a fase adulta e somente terminou quando fugimos para Porto Velho.
5. Banho quente não podia. Como eu dormia e me alimentava mal, sentia muito frio. Mas não podia tomar banho quente e nem colocar agasalhos. Ele dizia que eu era doente e chegou ao ponto de eu dormir com uma toalha me cobrindo em baixo do lençol ou esperava ele dormir para colocar um agasalho e acordava antes dele para tirar. Quando me casei tomava banhos de uma hora: 10 minutos para o banho e o restante do tempo deixava a água quente cair sobre o meu corpo...
6. No momento que ele fosse dormir, eu não podia mais ver TV ou ler...ele dizia que isso o atrapalhava. O engraçado é que minha irmã podia dormir o quanto quisesse...tomar banho quente...e ver TV depois dele dormir.
7. Reclamava que eu escolhia a comida...eu tinha tanto medo dele que a mesma não descia.
8. Muitas vezes, ao sair, ele dizia que não tinha gostado da minha roupa e que eu ia ficar só em casa. 
9. Me vendeu pela parte da casa dele (casa dos meus avós) para minha tia, outra sociopata, para que ela garantisse o nosso fracasso total em Porto Velho. Com muitas mentiras e assédio moral ela deu conta no início. Mas há pessoas de bem...recebemos muita ajuda e conseguimos nos recuperar. Sempre consegui pagar colégio particular para as crianças e nada faltou a elas...nem materialmente e nem emocionalmente.
10. Chantageou a nós e aos netos de que iria tira-los de nós. Meus filhos viviam apavorados com a ideia e precisaram de muita ajuda e amor para superar o medo. Ele tentou por 3 vezes e chegou a ligar para nossa amiga e vizinha, pedindo para que ela pegasse depoimentos com os pais dos amigos das crianças de que elas eram maltratadas e passavam fome. Ainda bem que os meus filhos sempre foram muito queridos e disputados pelos amigos...eram primeiros alunos da classe...e tinham uma ótima saúde.
Precisa mais?

O abuso sexual e os estupros que sofri eu consegui superar, mas a VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA...essa vai ficar para toda vida...atingiu meu marido e meus filhos...alguns amigos...e minha relação com a minha mãe. Atingiu minha saúde física e emocional e também a dos meus filhos. Prejudicou muito o meu marido e consequentemente tudo que poderíamos ter sido ou tido.
B.A




domingo, 5 de abril de 2015

05.04.2015

Páscoa mais triste...sozinha. É minha primeira Páscoa só. Meu filho está dormindo, trocou o dia pela noite. Então só vai acordar mais tarde. E é nessas horas que a solidão "bate" com força total e a tristeza invade o meu ser. Fazer o que? 
Essa semana me desentendi feio com a minha filha e estamos sem falar-nos faz muitos dias. Infelizmente ela confundiu o fato de deixar a casa com o fato de me deixar. Isso dói e dói mais ainda o fato do meu marido não fazer nada...não a aconselhar. O que ela fez foi grave, porém é bastante orgulhosa para telefonar, pedir desculpas. Literalmente...como falei para o meu marido e ele concordou...ela cuspiu no prato que comeu. Mas colhemos apenas aquilo que plantamos e dentro do meu coração de mãe continuo a amando muito e torcendo para que tudo dê certo a ela. Estou tão cansada com todas essas picuinhas que nem estou zangada. Mas estou triste...muito triste.
Lembro dos meus 19 anos. Sofria abuso sexual e emocional, mas assim mesmo levava a vida em frente. Arranjei meu primeiro emprego logo de cara: recepcionista num açougue. E fui convidada, aos sábados para dar aula de russo. Os dois empregos não eram perto de casa, mas eu estava feliz em ganhar meu dinheiro. Pagava um curso de inglês e Aliança Francesa. Comprava roupas e livros. E muitos presentes para minha irmã. No meio do ano entrei no FGV. Meu pai me obrigou a fazer o vestibular. Mas quando vi o preço de cada módulo e mais o fato de não querer fazer administração, convenci o meu pai a desistir dessa ideia, pois além da faculdade tinha o fator moradia e alimentação. Saí do emprego de recepcionista, pois já era diretora do curso de russo da escola e passei dar muitas aulas e ganhava bem. Comecei ver o respeito que as pessoas sentiam por mim e isso ajudou a estima. No final do ano / início do ano seguinte passei na USP e UNICAMP, além de uma faculdade em Santos mesmo. Escolhi a USP...e aí vem um outra história. O que quis dizer com isso é que apesar de todos os reveses eu sempre tentei seguir em frente.
Meu filho está melhorando aos poucos. Já está conversando no face
e se alimentando melhor. Ainda tem resistência em sair de casa, mas acredito que vai passar. Muitas vezes tenho que ser dura com ele, pois ele também não me trata bem quando não quero ceder aos seus caprichos. Mas isso se chama amor de mãe e preocupação também. 
Meu relacionamento com marido não engajou...acho que a reconciliação não deu certo e preciso ser paciente para esperar o momento certo para refazer a minha vida. O que não posso é ficar assim: nessa tristeza e solidão. Cabe a mim ser forte e manter a determinação. Principalmente em relação aos meus filhos. Espero que no final desse ano meu filho e os pets já tenham um lugar em São Paulo. Até lá tenho tempo para decidir um pouco da minha vida...
B.A

quinta-feira, 2 de abril de 2015

02.04.2015

No dia 30 de março esse blog / diário completou um ano. Não reli as postagens...não tenho hábito de reler. Mas lembro de muita coisa que escrevi: os ressentimentos...a mágoa...e até a raiva. Que bom que consegui vencer uma boa parte disso...esquecer...perdoar...dar uma nova chance. Escrever e desabafar ajudou muito. Coloquei pontos finais em muitas questões, mas ainda faltam muitos. 
Nesse ano aprendi a me respeitar mais. A dizer NÃO e mante-lo. Retirar da minha vida pessoas que eu achava importantes e não eram. Também muitas pessoas se retiraram da minha vida e as deixei ir...sem ressentimentos...e com porta e coração abertos sempre se quiserem voltar. Aprendi a ser mais dura, porém maleável. É o amadurecimento emocional e a maturidade chegando. Ainda não me sinto feliz. Ainda não me amo. Continuo com fobia social e baixa estima. A forte crise de ansiedade está acabando fisicamente e emocionalmente comigo. Porém estou tendo mais paciência para esperar...paciência comigo mesma (sem tantas cobranças) e acreditando que um dia...mesmo que esse dia demore...eu consiga vencer. Vivo um dia de vez...aos poucos procuro respeitar os meus limites...e abafar os ressentimentos recentes. Acredito que esse seja o caminho certo.
Durante quase toda minha vida vivi para agradar aos outros, sem se importar comigo mesma. Sentia-me na obrigação a isso, pois sentia-me culpada (nem eu sei de que) e suja. Aos poucos esses sentimentos estão desaparecendo. Não tenho obrigação de agradar a todos e nem de me sentir culpada ou suja. Esses sentimentos são por causa da violência emocional brutal que vivi e que ainda, às vezes, vivo. Aprendi a controlar os sentimentos negativos. Só não aprendi a controlar a ansiedade, a solidão e, muitas vezes, a depressão. Porém tentarei ser paciente e esperar por tempos melhores...tempos quando poderei lutar por mim mesma e vencer...tempos de muitos momentos felizes e realizações pessoais.
O MEU TEMPO DE VIVER.
Tenho recebido muitas mensagens de apoio...de carinho. Mensagens edificantes. Agradeço muito a essas pessoas, que sem me conhecerem acreditam em mim e na minha coragem de tentar lutar e vencer. Pois eu mesma muitas vezes não tenho forças para continuar acreditando. São essas pessoas que fazem eu continuar a caminhar para frente. Muito obrigada. Dizem que ajudo muito, mas a ajuda em forma de carinho que recebo em troca é maior ainda. Dizem que sou corajosa. Nem tanto. Apenas sou determinada e continuarei sendo até vencer ou sucumbir.
B.A