sábado, 28 de março de 2015

28.03.2015

Mais uma vez a crise de ansiedade não me deixa em paz. Estou acordada desde às 2:00h e completamente insone. Ontem comecei a escrever com lágrimas nos olhos e terminei serena. Nunca imaginei que escrever...colocar para fora a dor e a desesperança...pudesse ajudar tanto. Esse diário está sendo a minha salvação. 
Após escrever ontem, preparei a aula e deitei para descansar um pouco. Fiquei mais calma e consegui fazer algumas coisas durante o dia. Estou um pouco limitada pois ao torcer o pé, fiquei com lesão muscular. Nada agradável, porém suportável.
Escrevi sobre o meu filho e a minha dor, como mãe, de vê-lo desse jeito. Mas não mencionei minha filha que também passou pela dor. Durante dois anos ficou sem sair de casa e nem mesmo atendia os telefonemas. Tentei compreende-la, pois sei muito bem o que ela sentia. Aos poucos ela foi melhorando...terminou o colégio...entrou na faculdade. Mas sempre só, sem amigos. Nada pior para uma mãe ver sua filha sozinha. E agora, em São Paulo, não sei se está melhor. Precisou parar com tudo, já que está com uma grave lesão no joelho e precisará operar para colocar um pino. Está fazendo cursinho on line, pois quer entrar na USP e concordo que não vale o tempo perdido com um curso que não a agrada. Ela está se encontrando e somente desejo que seja feliz com as suas escolhas. O triste é que continua sem amigos. Estou dando muita força para que resolva logo o problema no joelho e que possa levar uma vida normal. Quando entrar em algum curso, espero de todo o coração que faça muitas amizades e não se encontre tão só. Dia 24 ela completou 19 anos e acho triste ela não ter amigos. Eu, aos 19, mesmo sofrendo os abusos sexual e emocional, sempre tive amigos e sei o quanto é importante...mesmo sendo filha do silêncio.
O que os meus filhos passaram e ainda passam é muito injusto e também muito doloroso para mim e para o meu marido. Temos que ser fortes, mas nem sempre conseguimos. Quando eram crianças, ainda eram inocentes e não entendiam a parte da violência emocional. Porém com o tempo foram compreendendo e sentiram na pele a dor da rejeição. Nunca pensei que ao voltar do nosso "exílio" as coisas ficassem tão feias. O jeito é viver um dia de cada vez, sempre procurando soluções para os problemas emocionais. Minha filha está fazendo terapia com uma psicologa, meu filho vai conversar com uma psiquiatra e talvez precise de antidepressivo e eu, eu tenho esse cantinho onde posso desabafar e que me acalma quando termino de escrever.
Ninguém merece passar por um abuso sexual. É uma coisa que nunca desejei a ninguém por saber das suas consequências. O triste é ver que seus filhos, sempre tão ativos e com amigos, estão também pagando por uma coisa que eu sofri. Muitas vezes penso que jamais deveria ter casado e constituído uma família. Mas o amor incondicional que sinto por eles é tão grande que faz com que eu entenda que era esse o nosso destino. Sem eles eu já não estaria mais viva...são as minhas razões para viver e lutar...são o meu mundo, meu tudo, minha vida.
B.A

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