quarta-feira, 26 de novembro de 2014

26.11.2014

Mais uma vez estou aqui para a minha "terapia semanal". Ainda estou sentindo muita ansiedade, porém estou conseguindo controlar a mesma. Só não consigo controlar o transtorno alimentar e de sono. Não tenho conseguido comer quase nada e estou dormindo muito pouco. Mas, pelo menos, estou menos irritada. Estamos vivendo dias de paz aqui em casa. Continuo com uma alergia cada vez mais feia e dia cinco de dezembro vou ao médico para começar a tratar da minha saúde física, com a qual sou extremamente negligente.
Minha tristeza continua e está se transformando novamente em depressão. 
Confirmei que foi de fato a minha mãe que "fez o favor" de eu perder as aulas. Não estou chateada por causa do dinheiro...mas sim pelo fato dela continuar querendo sempre me atrapalhar, não deixando a gente em paz. Até hoje não consigo entender toda essa raiva que ela sente por mim. Sempre tentando me rebaixar perante os outros. Sempre sendo maldosa e agressiva. Uma mulher aos quase 75 anos. Parece coisa de novela...mas é muito pior e triste. Ela me culpa por eu ter sofrido abuso, por ter sido a sua "rival", mas foi totalmente omissa durante os longos anos da minha aflição. E depois negou o fato, mesmo sabendo que era verdade. Foi capaz de me prejudicar e de me lesar financeiramente. Nunca vou entender isso, pois sou mãe. Vejo muitas vezes as mães sendo omissas...negligentes e acho um horror. Então lembro que a minha também foi e é...
Esses últimos dias estamos vivendo num verdadeiro caos. Minha filha está prestando exames e anda ansiosa, sem comer e dormir direito. E eu embarco junto nessa situação. Até o meu filho, que tinha conseguido colocar os horários em dia, voltou a não ter hora para nada. Essa situação é penosa e triste, Minha filha passou no curso de Jornalismo aqui em Ribeirão, numa faculdade tradicional daqui. Hoje íamos fazer a matrícula, mas diante das mensalidades salgadas, ela não quis. Como podemos matricula-la sem saber se ela vai conseguir a nota do ENEM para terminar o ensino médio (ela prestou uma prova especial)? Fiquei frustrada com a situação e acredito que ela também. Conseguiu uma boa colocação no vestibular. Ontem conversei com ela e disse o quanto estou orgulhosa. Foi uma vitória e pedi que ela sempre se lembrasse de quanto é capaz. De que eu sempre estarei ao seu lado, tentado ajuda-la a voltar para o caminho certo (e ao meu filho também). 
Nas horas de insonia fico quebrando a cabeça...tentando descobrir onde foi que errei. Em qual momento perdi os dois, que seguiram por um outro caminho, e por que. Sempre fui uma mãe super dedicada. Abri mão dos meus sonhos para investir na maternidade. Sempre investi na educação e cultura. Eles eram os melhores alunos sem nós fazermos qualquer tipo de exigência ou cobrança. E a quatro anos atrás escaparam por entre os meus dedos e não consigo encontrar um motivo. Mas, principalmente, sempre dei muito amor e carinho. Fui rígida, até mesmo pela educação que recebi e pela situação de violência que vivi. Amo os meus filhos acima de tudo e incondicionalmente. E devo dizer que o meu ex marido foi e é um excelente pai. Então o que aconteceu? Tento, de todas as maneiras, encontrar uma resposta...uma pista, mas não consigo...
A única coisa que sei que infelizmente eles também foram privados de muita coisa na vida por causa do abuso que sofri. Também perderam muito, mesmo com a gente tentando amenizar a violência emocional praticada pelo meu pai e, depois, pela minha mãe. Não é somente o abusado sexualmente quem sofre. Os que estão ao seu redor e o amam são também alcançados por essa onda de crueldade. E agora os meus filhos sofrem as consequências do abuso que EU sofri e não consigo ajuda-los. Estou triste...muito triste e sem esperanças. Uma parte de mim morreu por dentro, já que me sinto culpada pela infelicidade deles. Sei que a única coisa que posso e devo fazer é continuar amando-os incondicionalmente e tentar ajuda-los a recuperar o tempo perdido e voltar ao seus caminhos. Brigamos sim...porém o amor é sempre mais forte. Que fique registrado aqui o sofrimento dos filhos de quem sofre algum tipo de violência.
O despertador tocou, avisando que devo me aprontar para ir dar aula. Está chovendo e o tempo está agradável. Está chovendo também em mim, através das minhas lágrimas e do aperto no coração que sinto nesse momento...
B.A


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