quarta-feira, 12 de novembro de 2014

12.11.2014

Ontem escrevi um pouco sobre as comunidades. Não quis dar "nome aos bois" e nem citar ninguém. Não é do meu feitio. Foi bom escrever o que penso...a minha opinião. Assim não fico remoendo por dentro e coloco mais um ponto final naquilo que estava me incomodando. Como já fui deturpada várias vezes, toda vez que coloco minha opinião ou comentário...assino. Assim, é uma garantia para mim. Já "peguei" 3 loucas e sei o estrago que podem fazer. E só não processei uma porque a considero muito doente no campo emocional. Mas agora vou lutar pela minha causa com mais força. A Comunidade "Filhas do Silêncio" tem por objetivo ajudar abusados sexualmente mais velhos (na faixa de 40 a 50 anos) e quero mostrar como é difícil para nós sobreviver. Há muita ajuda para as crianças / adolescentes...mas nós crescemos e merecemos a chance de viver, a chance de recuperação. Como na nossa época o assunto sexo...abuso era tabu, precisamos ficar em silêncio, sofrendo não somente a violência física, mais principalmente a psicológica. E é essa que deixa as marcas profundas, enraizadas no nosso ser, na nossa mente...nos deixando doentes e apáticos. Praticamos auto mutilação, temos transtornos alimentares e de sono, crises fortes de ansiedade. Precisamos de ajuda, mas onde buscar essa ajuda? Muitos não querem nem ouvir sobre nós...sobre o que passamos. Acham feio!!! Feio é a violência que sofremos. Viver constantemente em depressão é feio. Não conseguir trabalhar é feio. Não cuidar da casa é feio. Se achar um lixo é feio. Não sair de casa por anos é feio. Isso não é viver. No máximo, sobreviver. E é por isso que decidi que esse diário vai ser o meu porta voz. Porta voz de uma sobrevivente que tenta lutar, mas mal consegue. Quero que as pessoas saibam como é ser uma sobrevivente da pedofilia...molestamento...abuso sexual...estupro...e uma violência emocional cruel praticada pelo pai, mãe e irmã. Que as pessoas possam ver como é difícil levantar da cama, se alimentar um pouco e fazer as coisas do dia a dia.
O engraçado é que quando se trata de pedofilia ou estupro, as pessoas não acham feio...
Então escreverei um pouco sobre as minhas vitórias e derrotas. E com esses desabafos espero conseguir o que nunca consegui numa terapia: me perdoar...me valorizar...e me amar.
B.A

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